Servidores públicos colhem denúncias contra prefeito Gazzetta
“É um movimento para a cidade, não só para os servidores”, diz diretor do Sinserm
Por Ana Carolina Moraes
Ao fundo da plenária da Câmara Municipal, uma faixa com os dizeres “Basta, Gazzetta!”; nas cadeiras, diretores do Sindicato do Servidores Públicos Municipais de Bauru e Região (Sinserm) e representantes do setor público. A sessão da Câmara na última segunda-feira (25) foi marcada por tentativas de diálogo.
“Nós viemos até a Câmara hoje para tentar falar com os vereadores sobre o que tem acontecido desde que o Gazzetta assumiu o governo de Bauru”, diz Moisés Cristo, diretor do Sinserm. Os servidores pretendem marcar uma reunião com o prefeito Clodoaldo Gazzetta, mas, segundo Moisés, até o momento não conseguiram agendar o encontro.
Quem me conta o motivo da reunião é Iara Cristina da Costa, professora da rede municipal. “Não houve acordo depois da greve; legalmente, nada foi acordado e o que existe foi colocado pela administração pública e um grupo de servidores”, comenta. “A gente quer uma reunião com o Gazzetta para contestar esse acordo, para saber quem é esse grupo e anistiar a reposição”.
O sindicato convocou um ato para a sessão. A movimentação começou às 15h e ganhou força a partir das 17h, com a chegada de mais funcionários depois do expediente. Os manifestantes reclamam da desvalorização do servidor público e expõem sua insatisfação com a prefeitura.
Durante a sessão, os servidores tentaram conversar com vereadores para puxar a reunião com o prefeito e conseguir apoio às demandas do setor. Para a professora, o apoio da Câmara ao movimento fica só na promessa: “A gente tem poucos vereadores de oposição. Gostaria que olhassem mais para os servidores, que são os que levam essa cidade”.
Sobre o movimento
No dia 19 de junho o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bauru e Região (Sinserm) lançou a campanha “Basta, Gazzetta!”, um movimento de fiscalização da gestão municipal que consiste na criação e divulgação de canais para encaminhamento de denúncias. De acordo com Moisés Cristo, diretor do Sinserm, 50 faixas com os canais para contato serão confeccionadas e espalhadas pela cidade para que a população possa enviar reclamações.
A expectativa da diretoria é que a campanha comece a rodar a partir da primeira semana de julho. “É um movimento para a cidade, não só para os servidores”, explica o diretor.
Esta não é a primeira mobilização do sindicato contrária a gestão do prefeito Clodoaldo Gazzetta. Em março, os funcionários fizeram uma greve de 18 dias reivindicando reajuste salarial de 21% e o aumento do vale alimentação, refeição e transporte. A contraproposta da prefeitura, que foi acatada pelos servidores, incluía a reposição imediata de 1,42%, abono não incorporado a partir de setembro e reajuste de 10% no vale-compra.
“Nós entramos em greve porque a gente acredita que a nossa classe está sim sendo prejudicada”, justifica Iara Cristina da Costa, professora. Desde o final do movimento, nenhum acordo pós-greve foi assinado entre servidores e gestão pública.
A ausência de um acordo entre os servidores e a prefeitura, somada à insatisfação com a gestão municipal, já foi pauta de outra mobilização do setor. Em maio, o ato “Bauru nas Ruas” ocupou a Praça Rui Barbosa para questionar os encaminhamentos dados pela prefeitura no pós-greve. O JORNAL DOIS estava presente e registrou a manifestação:
De olho na Câmara
Em meio a Moções de Aplauso e tentativas de diálogo entre servidores públicos e vereadores, a sessão da última segunda-feira (25) adiou a apreciação do veto do prefeito à obrigatoriedade de vistorias anuais em prédios escolares da prefeitura, projeto elaborado por Chiara Ranieri (DEM). Como justificativa, o prefeito alega que a iniciativa cria gastos para a administração. O vereador Markinho da Diversidade (PP) confirmou que o Poder Executivo elaborou uma proposta com o texto idêntico ao aprovado pelo Legislativo.
Para a próxima sessão, nesta segunda 02 de julho, quatro vetos do prefeito estão em pauta. Além do julgamento do veto total ao Projeto de Lei que obriga a vistoria anual em prédios escolares da prefeitura, outra pauta é o veto total à proposta que estabelece a publicação da escala de plantonistas em atendimento nas unidades municipais de saúde, de autoria de Markinho da Diversidade (PP).
O projeto que modifica a composição e as regras do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru (Codepac) também terá o veto total avaliado pelo Legislativo.
Por fim, o quarto veto é parcial sobre dispositivo que foi modificado pelos vereadores José Roberto Segalla e Chiara Ranieri (ambos do DEM) em um projeto encaminhado pelo prefeito à Câmara; trata-se da proposta da licença paternidade, que pretende dar um benefício equivalente à licença maternidade, nos casos de falecimento da mãe durante o parto ou o período de licença. Para o Executivo, a iniciativa concede direitos aos servidores, o que implica, principalmente, no aumento de gastos.
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