EDITORIAL: Por um Conselho Tutelar humanizado e sem repressão, não deixe de votar no dia 6 de outubro

Qualquer eleitor de Bauru pode votar

Publicado em 27 de Setembro de 2019

Colagem: Letícia Sartori/JORNAL DOIS sob Colagem: Gael Gramaccio/@gaelgramm
 Da Redação

No próximo dia 6 de outubro, ocorre em Bauru a eleição para a nova formação do Conselho Tutelar da cidade. Qualquer pessoa com título de eleitor de Bauru pode votar e ajudar a escolher quais pessoas vão fazer parte desse conselho.

O Jornal Dois reconhece a importância do Conselho Tutelar e sua atuação na proteção de crianças e adolescentes da cidade. Além de fiscalizar, promover e garantir o cumprimento dos direitos dessas faixas etárias tão vulneráveis. 

Levando em conta o que está em jogo apoiamos as candidaturas dos psicólogos Natália Cristina Luciano (234) e Jhony Lupino de Brito(268).

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reconhece que é dever de toda a sociedade cuidar das crianças. Por isso a população deve refletir e escolher quem serão as pessoas que a ocupar o Conselho Tutelar do município

Em Bauru existem dois conselhos, cada um com 5 membros. 

Dada a necessidade de tornar os conselhos órgãos mais humanizados e democráticos, é urgente que se estabeleça uma relação de confiança entre conselheiros e a população, de adultos, jovens e crianças bauruenses.

Não é o que vem acontecendo, pois o Conselho Tutelar é visto muitas vezes – não sem razão – como um instrumento de repressão e criminalização da pobreza.

Colagem: Letícia Sartori/JORNALDOIS

Exemplo disso foi a atuação desse órgão em espaços de lazer e divertimento da juventude, principalmente preta e pobre. Numa cidade com forte segregação socioespacial, ausência de direitos básicos a muitos trabalhadores e falta de lugares e opções baratas e estruturadas ao lazer, é preciso ter uma abordagem que leve em conta o contexto da nossa população.

O Jornal Dois reforça a necessidade da participação bauruense na votação do dia 06 de outubro. Em apelo especial as pessoas que lutam por uma sociedade mais justa, que ajudem a efetivar os direitos e eleger candiados compromissados em proteger aqueles em maior situação de vulnerabilidade.

É de conhecimento público que grupos da cidade com poder político e econômico se organizam para ocupar o espaço do Conselho Tutelar com seus representantes. Estes, uma vez eleitos, passam atuar seguindo interesses conservadores e reacionários – sem o devido compromisso ou cuidado com as crianças e adolescentes bauruense

Foi o que ocorreu na última eleição, em 2016, quando foram filmados ônibus fretados levando eleitores para votar em candidatos específicos. Na ocasião foi registrado até Boletim de Ocorrência pela prática de aliciamento de eleitores, com acionamento da Polícia Militar e do Ministério Público.

Essa situação torna mais importante a participação e o engajamento das pessoas comprometidas com ações efetivas de garantia dos direitos humanos e de transformação da sociedade.

A votação será no dia 6 de outubro, das 8h às 17h, na Faculdade Anhanguera (av. Moussa Nakhl Tobias, 3-33). O eleitor deverá levar no dia da votação o título de eleitor e um documento com foto. 

Para votar é só digitar o número do candidato. É possível votar em apenas um candidato.

Quem são os candidatos?

Natália Cristina Luciano – nº 234

 

Sou formada em Psicologia pela Unesp/Bauru, instituição a qual devo uma formação crítica que sempre me colocou enquanto agente de mudanças. Estagiei na clínica infantil e com orientação de pais, no Ensino Fundamental com grupos de adolescentes e na Assistência Social com crianças e adolescentes. Hoje sou mestranda em Educação Escolar pela Unesp/Araraquara.

Minha história na militância vem desde quando percebi que nenhum direito nos foi dado, mas sim conquistado às duras penas pela classe trabalhadora e eles estão sempre ameaçados a depender do momento histórico. Durante a graduação participei de greves por moradia, contratação de professores e instalação de um restaurante universitário. Ainda estudante fui representante discente da turma levando nossas pautas específicas do curso nas reuniões do colegiado.

Atualmente faço parte da coordenação do cursinho pré-vestibular da Casa do Hip Hop, o qual tem por objetivo fornecer educação de qualidade para pessoas de baixa renda, pois entendemos que Educação é um direito de todos, mas nem sempre chega em todos os lugares.

Tendo como ponto de partida e também de chegada a transformação social dos sujeitos, me candidato ao Conselho Tutelar de Bauru para a gestão 2020-2024.

Entendo que o Conselho Tutelar é um espaço privilegiado para que ocorram ações de promoção da infância e da juventude e prevenção à violação de direitos das crianças e adolescentes. Por ser um órgão autônomo, tem total capacidade de ampliar sua área de atuação para além da intervenção e investigação de denúncias.

Enquanto candidata que compreende importância de um Conselho Tutelar efetivo e permanente, que realmente tenha como pilares de atuação os direitos humanos e a proteção integral da criança e do adolescente, vou lutar para ocupar todos os espaços possíveis, realizando um trabalho focado na promoção e prevenção.

Pretendo trabalhar para que a convivência e fortalecimento de vínculos familiares sejam prioridade nos atendimentos, com uma escuta acolhedora e personalizada para cada caso. Para que não ocorra a criminalização da juventude, principalmente a pobre e preta. Estar presente nos espaços educacionais atuando em parceria com a equipe pedagógica. Articular um trabalho com os serviços que compõem a rede de atendimento às crianças e adolescentes nas áreas de assistência, saúde, educação, cultura e lazer, realizando um atendimento crítico e humanizado.

 Jhony Lupino de Brito – nº 268

 

Psicólogo formado pela USC – Universidade do Sagrado Coração. Possuo experiência profissional e política com crianças e adolescentes nas áreas social (serviços de convivência e fortalecimento de vínculo, legião mirim e trabalhos voluntários), escolar (escolas públicas de Bauru) e clínica.

Apresentei trabalhos acadêmicos em simpósios internacionais na área da educação. Atualmente atendo adultos e crianças pela clínica social, que consiste em acompanhamento psicológico para famílias com baixa renda.

Comprometido com a defesa e cuidado da juventude, pretendo levar minha bagagem ao Conselho Tutelar aliando meus conhecimentos e práticas de forma ética, realizando um trabalho estruturado na promoção e prevenção como foco de atuação, proporcionando também, atendimentos críticos e humanizados, sem preconceitos, tratando cada história em sua particularidade.

Acredito no potencial do trabalho em rede como forma de emancipação e proteção da criança e do adolescente e repudio fortemente uma atuação culpabilizante e criminalizante da pobreza, pois entendo que as famílias que mais sofrem com isso são as famílias periféricas e negras.