Bauru é a 32ª cidade do país com mais perda de água na distribuição

Em estudo de 2019, Instituto Trata Brasil apresenta dados sobre as 100 maiores cidades do país; na 67ª posição em relação ao número de habitantes, município perde 47,7% da água antes de chegar à população

Publicado em 5 de julho de 2019

Poça formada por respingos de um cano do Departamento de Água e Esgoto na Gustavo Maciel (Foto: Bibiana Garrido/Jornal Dois)
Por Bibiana Garrido

Quase metade do volume de água produzido em Bauru se perde no caminho para as residências, empresas e indústrias. É o que mostra um estudo publicado pelo Instituto Trata Brasil no começo de 2019, que tem como amostra as 100 maiores cidades do país. Bauru é o 67° maior município em número de habitantes. O índice de perda na distribuição de água por aqui chega a 47,7% e, por isso, ocupa o 32° lugar entre as cidades que mais desperdiçam o recurso hídrico na hora de entregar para a população. 

A perda de água é calculada a partir da relação entre o volume produzido e o volume consumido (você pode acessar a série história de pesquisas sobre água e esgoto em Bauru aqui). De acordo com esses dados, o volume de água produzido por ano em Bauru é de aproximadamente 45,2 mil metros cúbicos, enquanto que o volume de água consumida no mesmo período é de 23,6 mil metros cúbicos. A água perdida em doze meses na cidade poderia encher quase nove piscinas olímpicas com 2,5 mil metros cúbicos cada uma.

Em sua última pesquisa, publicada em 2017, o Painel Saneamento Brasil revela que existem mais de 6 mil pessoas sem acesso à água no município. 

O desperdício na distribuição, além de representar menos água disponível para a população, se reflete em perdas no faturamento do serviço. O DAE ganha 47,5% menos do que poderia, caso a água chegasse aos consumidores em sua totalidade. São aproximadamente R$ 85 milhões a menos na arrecadação anual. A conta feita pela reportagem aplica o método indicado para a monetização do custo com perdas de água no Brasil pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), que multiplica o volume perdido pela tarifa média de água no Brasil. 

 “A média nacional [de perda de água na distribuição] é de 40%”, lembra a assessoria do Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Bauru, quando questionada sobre a porcentagem. O número é divulgado pelo SNIS, que em 2017 calculou a perda de água no Brasil em 38,29%.

Para reduzir o desperdício na distribuição em Bauru a autarquia assinou nesta terça-feira, dia 2, um contrato com a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Meio Ambiente para liberação de uma verba do Fundo Estadual de Recursos Hídricos. O valor total aprovado foi de R$ 465.463,30 e será investido em um Plano Diretor de Combate a Perdas. Ao DAE caberá pagar cerca de R$ 93 mil para colocar o negócio para funcionar.

“Agora o processo será encaminhado para o Serviço de Compras, que fará a elaboração do edital de licitação. Nossa expectativa é que a contratação saia ainda esse ano”, disse, em nota à imprensa, Elton Oliveira, que é diretor de Controle de Perdas do DAE. O órgão tem como meta diminuir a perda de água na distribuição para 25% até 2034.  

A autarquia recebeu verba estadual para investir em um Plano Diretor de Combate a Perdas, que somam mais de 21 mil m³ de água por ano em Bauru (Foto: Bibiana Garrido/Jornal Dois)

Seja pelo rompimento de adutoras, falta de chuvas, vazamentos, seca nos rios ou alto consumo, a falta d’água é uma realidade em Bauru. Com uma rede de distribuição que se estende por mais de 1,6 mil quilômetros, o DAE pretende “desenvolver medidas e ações para a melhor utilização, conservação, recuperação, proteção e sustentabilidade dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos”, informa a assessoria. 

O Jornal Dois entrou em contato com o Departamento de Água e Esgoto para que a autarquia comentasse o assunto, e recebeu de volta uma nota informando sobre o novo acordo do Plano Diretor de Combate a Perdas. As seguintes perguntas não foram respondidas:

  1. Em que pontos da cidade ocorre mais perda? 
  2. Quais os bairros mais afetados pela perda de água? 
  3. O que causa a perda da água na distribuição e abastecimento? 
  4. Que medidas foram e estão sendo tomadas pelo DAE para diminuir a perda de água? 
  5. Qual a frequência e procedimentos de manutenção necessários para o bom estado dos encanamentos? Isso é realizado?