“A gente não luta só pelos bairros, mas também pela cidade”, diz representante do Mary Dota

Líderes comunitários e associações de moradores apresentam principais demandas à Câmara Municipal

Reportagem publicada em 23 de abril de 2018

Por Bibiana Garrido

Representantes de mais de 15 bairros e comunidades estiveram presentes em Audiência Pública na última quinta-feira (19) na Câmara Municipal. A reunião foi convocada pelo vereador Natalino Davi da Silva (PV) e acompanhada por José Roberto Segalla (DEM).

“Não faça nada pra nós sem nós. Essa reunião é muito importante pra isso. O que nós precisamos? O nossos bairros estão precisando?” questiona Rosana Polatto, líder comunitária do Mary Dota. “Cada um aqui representa muito dignamente isso”.

Audiência Pública com associações de moradores e líderes comunitários (Foto: Pedro Romualdo/Câmara Municipal)

Terrenos baldios, vazamentos do DAE, falta de investimentos em educação, saúde, esporte e lazer são as palavras que mais se repetem nos discursos dos moradores. Líder comunitária da Vila Santista, São Francisco, Jd. Solange e Vila Serrão, Ângela fala da necessidade de mais postos de atendimento infantil: “Fecharam o nosso posto PAI. Infelizmente, para as mães do bairro que eu represento, sair dali para levar seus filhos não tem condição. Não tem passe de ônibus, a criança não tem horário pra ficar doente”.

“Tá faltando ter sensibilidade nas pessoas que tão representando a cidade. Porque a cidade tá aqui, tá aqui daquele jeito. E só Deus sabe como é que tá”, afirma Alan Carlos, presidente da associação de moradores do Núcleo Hab. Presidente Geisel. A região enfrenta problemas com vazamento de água assim como na Vila Santista, São Francisco, Jd. Solange, Pq. Viaduto, Isaura P. Garmes, Pq. Giansante, Vila Garcia, Jd. TV, Jd. Marília e Pousada Esperança II.

No Geisel, a água dos vazamentos chega a entrar na casa das pessoas. Alan cita o morador da rua Lázaro Luiz Zamenhof, 1–64, que lida há oito meses com infiltração de água em sua moradia e pediu para que se encaminhasse um pedido de auxílio ao poder público.

Vazamento de água no Núcleo Hab. Presidente Geisel (Google Maps/Reprodução)

“As pessoas que legislam aqui tinham que cobrar mais do prefeito. Passou vários prefeitos na cidade e não tomou conta que o DAE tem executado um serviço de má qualidade”, avalia o líder comunitário do Geisel.

Sônia Santos, do Nova Bauru, chama atenção para a preservação de uma área verde de 5 mil metros quadrados no bairro. “Já faz quase 20 anos que eu brigo por causa disso”, conta a bauruense. “É inadmissível a gente morar num lugar onde existe o espaço pra árvores e o poder público em vez de ir lá consertar e colocar mais, destrói. Lá faz parte do bioma, é um resquício do cerrado. Se vocês forem lá hoje, vão ver que tá cheio buracos, entulhos, lixos”.

Para as associações do Jd. Godoy, Pousada Esperança II, Vila Garcia, Jd. TV, Jd. Marília, Pq. Nova Bauru, St. Edwiges e Jd. Solange, é importante a criação de espaços de convivência. “Estamos necessitando de áreas de lazer, esporte, praça, centro comunitário”, lista Carlos Gomes, representante do St. Edwiges. “Temos lá uma área de preservação ambiental, que se diz, né? Mas é um esgoto a céu aberto”.

“Academia ao ar livre é uma coisa até vergonhosa da gente falar né? Porque já não existe mais”, Sônia, do Nova Bauru, pontua que o vandalismo deveria ser equilibrado com ações de manutenção e conscientização por parte da prefeitura.

Terrenos abandonados são outro ponto de discussão. A proliferação de animais peçonhentos preocupa moradores de grande parte das regiões. O vereador Segalla (DEM) atesta a existência de um Projeto de Lei em andamento, de número 28/18, que pode revogar a Lei Municipal 6.809 de junho de 2006. Caso seja aprovada, a matéria legislativa retira a obrigatoriedade da prefeitura de limpar terrenos públicos e deixa a responsabilidade do restante, dos terrenos privados, na mão de proprietários particulares.

Alan Carlos, presidente da associação de moradores do Geisel (Foto: Pedro Romualdo/Câmara Municipal)

“Nós precisamos tomar providência para que as coisas aconteçam mais rapidamente, ou que pelo menos aconteçam”. É o que pensa Rosana, do Mary Dota. “A gente não luta só pelos bairros, mas também pela cidade. Somos o centro de atendimento de 61 mil pessoas na zona leste”. A representante argumenta que as reivindicações dos bairros são as mesmas há anos e reclama maior agilidade do poder público. Para ela, o “conglomerado da ZL” precisa de mais espaço físico para atender as pessoas que ali moram.

Lourdes Jesus, líder comunitária do Jd. Godoy, lembra o compromisso firmado entre o poder público e associações de moradores para a inclusão das necessidades dos bairros no orçamento participativo vigente. “A prioridade nossa lá no bairro é que esse orçamento participativo chegue até onde foi dado como prioridade para o gasto dele. E que não fique aí escondido eu não sei onde, que não é usado na prioridade. Já aconteceu na outra administração e acho que nessa não tem mais como a gente tolerar”.

Em respaldo às falas da população, Ricardo Olivatto, secretário de Obras, diz que é preciso formalizar denúncias de terrenos baldios e demais pedidos à prefeitura para que possam ser analisados e tomadas as devidas providências. Márcio Teixeira, representante da Emdurb, anuncia a criação de um grupo focado na limpeza pública, composto pela própria empresa juntamente com a Secretaria de Admnistrações Regionais (Sear) e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma).

Previstas no plano de governo de Clodoaldo Gazzetta (PSD), as subprefeituras do Mary Dota e da Vila Independência estão em processo efetivação com R$1,5 milhões vindos do Governo Federal e R$453 mil da prefeitura. “Eu tomei posse faz duas semanas, a prioridade que nós temos hoje é a capinação, pra gente conseguir apresentar um resultado esperado na cidade”, afirma Eduardo Borgo, da Sear.