No dia do ciclista, o J2 lembra 8 conteúdos de bike em Bauru

Plano de mobilidade, bike uber, pedalada de autoridades públicas, lei de incentivo à bicicleta e estruturas cicloviárias: conheça o lugar que ocupa a bicicleta em Bauru 

Publicado em 15 de abril de 2021 

Funcionário da Emdurb pinta sinalização de ciclorrota, em 2016 (Foto: Fábio Eduardo Silva/Pedala Bauru)
Por Camila Araujo
Edição Bibiana Garrido 

O Jornal Dois acompanha discussões sobre a mobilidade cicloviária em Bauru desde 2017, e para marcar o Dia Internacional da e do Ciclista, comemorado em 15 de abril, lembramos momentos em que a bicicleta esteve no centro do debate público na cidade, ou fez parte das histórias retratadas em nossas reportagens.

A bicicleta é um meio de transporte responsável por reduzir emissões de gás carbono, desengarrafar a quantidade de carros no trânsito, diminuir acidentes e trazer mais qualidade de vida aos usuários. Na pandemia da covid-19, a bike se tornou escolha segura de locomoção – tendo dobrado nas vendas em todo o país no último ano – por ser um veículo com menor risco de contágio se comparado ao uso do transporte público coletivo.

Não basta comprar um modelo e ir para a rua. Nos últimos dez anos, mais de 13 mil ciclistas morreram em acidentes de trânsito no Brasil – 60% dessas mortes foram por atropelamento de ciclistas. Para que as pessoas tenham condições de pedalar e manterem suas vidas, é preciso que o poder público – prefeituras, governos estadual e federal – fomente a construção de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, estacionamentos para bicicletas, além da conscientização dos demais integrantes do trânsito – motoristas e motociclistas – para promover o respeito a quem vai de bike.

1- O DELIVERY NÃO PARA: bike uber na pandemia de coronavírus

Pedalamos uma noite ao lado de Gabriel Lancelot, que trabalha como entregador do aplicativo Uber em Bauru. As entregas continuam funcionando normalmente durante a quarentena em combate ao coronavírus, e a profissão de bike uber – que já tinha suas adversidades, traz novos riscos para os trabalhadores durante a pandemia.

Álcool gel, máscara e 50 km por dia: os entregadores de bicicleta chegam a pedalar 1000 km em um mês para receber valores próximos a um salário mínimo. No Brasil, o desemprego acumulado dos últimos anos fez aumentar o número de pessoas que buscam uma renda nas entregas e a “uberização” do trabalho já virou até categoria para entender as mudanças na classe trabalhadora do século XXI.

2 – Conheça o Plano de Mobilidade de Bauru

Em maio de 2018, aconteceu a 2ª Conferência Municipal de Mobilidade de Bauru, organizada pelo Conselho Municipal de Mobilidade (CMM) em parceria com a Secretaria do Planejamento (Seplan), a Prefeitura Municipal e a Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural (Emdurb). O tema foi Mobilidade Urbana para o Desenvolvimento Sustentável. A ideia do evento era complementar o Plano de Mobilidade com a participação popular nas mesas temáticas e na plenária final.

Disso saiu um Plano de Ações, que, além de ser resultado da Conferência, é de responsabilidade de um Grupo de Trabalho, composto pela Seplan, Emdurb e cidadãos, nomeado pelo Decreto Municipal nº 13.417 de 1 de Junho de 2017.

Leia mais em: https://jornaldois.com.br/4-prioridades-do-novo-plano-de-mobilidade-de-bauru/ 

3 – Quais são as estruturas cicloviárias na cidade

Você já tentou andar de bicicleta por Bauru? Na cidade existem 16 estruturas cicloviárias: 4 ciclovias, 3 ciclofaixas, 2 ciclofaixas de lazer, 4 ciclorrotas e 1 calçada compartilhada. O coletivo Pedala Bauru, atuante por políticas públicas para o ciclismo e mobilidade cicloviária, propôs uma reflexão sobre o uso do automóvel e as condições para quem pedala.

No vídeo, o grupo avaliou as estruturas para bicicletas de acordo com seis critérios: dimensões, conexões, funcionalidade para mobilidade, segurança para mobilidade, manutenção e sinalização. A qualidade geral das estruturas foi considerada “média”, numa escala que incluía “bom”, “médio” e “ruim”.

O Pedala Bauru aproveitou o Dia Mundial Sem Carro para veicular o levantamento. Celebrada em 22 de setembro, a data foi criada para promover reflexões sobre esse meio de transporte que gera engarrafamentos, aumenta a insegurança nas ruas – ao diminuir a circulação de pedestres – e é responsável pela maior parte (48%) das emissões de gases do efeito estufa relacionadas ao uso de energia no Brasil, segundo dados do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP).

 
 
 
 
 
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4 – Poder público sobre as rodas 

Em 26 de setembro de 2018, o J2 acompanhou uma pedalada de autoridades públicas pelas ruas de Bauru. A iniciativa partiu do grupo Pedala Bauru, que organizou um circuito: passando pela ciclofaixa da Avenida Nuno de Assis até a rotatória que vai para o bairro Mary Dota, voltando pela mesma avenida até o cruzamento com a Nações Unidas. O grupo encerrou o trajeto no prédio da antiga Estação Ferroviária, com considerações sobre as condições do asfalto e o espaço para bicicletas nas ruas bauruenses. 

Na ocasião, quando a ciclofaixa se encerrou, os ciclistas tiveram que atravessar a rua no meio dos carros para ir até a outra beirada do asfalto. Clodoaldo Gazzetta (PSDB), ex- prefeito, Ricardo Olivatto, então secretário de Obras, Leticia Rocco Kirchner, então secretária de Planejamento, e o vereador Carlão Do Gás toparam o passeio. 

O evento serviu para entender as necessidades e vivenciar a falta de mobilidade para os ciclistas em Bauru. Na época, a gestão Gazzetta havia assumido o compromisso de construir mais 20 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas até o final do mandato, o que não aconteceu.

5 – Comer, rezar e pedalar: marroquino passa por Bauru (e gosta)

A pandemia não estava no planejamento de Zakaria, viajante marroquino que está há mais de um ano na ‘bike’ pelo Brasil. Depois da pausa na quarentena, ele seguiu viagem rumo ao sul do país, passando por Bauru entre setembro e outubro de 2020. Formado em Direito e Economia, ele desacreditou no emprego formal e decidiu se aventurar naquilo que ele chama de “segunda escola” ou ainda “escola da vida”. Pouco mais de um ano pedalando, depois de passar por Bahia, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, e atravessar uma pandemia que ainda não dá mostras de se encerrar, Zakaria chegou a Bauru. Quando perguntado o porquê da escolha de passar pela cidade, a resposta foi na lata: “estrada!” Na reportagem, compartilhamos um pouco de suas histórias e impressões sobre o município.

Leia mais em: https://jornaldois.com.br/comer-rezar-e-pedalar/

O peso da bagagem de Zakaria é de experiências (Foto: Camila Araujo/Jornal Dois)
6 – Professor de Bauru pedalou 13 estados brasileiros e lançou documentário pela preservação

Marcio Francisco Martins, professor de Geografia em Bauru e socioambientalista, pedalou e filmou trajetos por 13 estados brasileiros para promover a educação ambiental. Ele conta que o contexto dos recursos hídricos no Brasil foi o que o motivou para dar início ao projeto “PedalÁgua”. O resultado da empreitada foi premiado no Fórum Mundial da Água (2018) e virou documentário dividido em seis episódios, lançado em março de 2021. O último episódio foi lançado em 22 de março, data em que se comemora o Dia Mundial da Água. Marcio relata que, primeiro, pegou um avião do estado de São Paulo até o Pará. Ao chegar em Altamira, no dia 10 de janeiro, montou a bicicleta ainda dentro do aeroporto e começou a pedalar. Passou pelos estados Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro até retornar a São Paulo. Chegou em 10 de dezembro à cidade natal, Jaú.

Leia mais em: https://jornaldois.com.br/no-dia-mundial-da-agua-professor-de-bauru-lanca-documentario-pela-preservacao/

7 – Incentivo à bicicleta?

Nesta matéria o J2 elencou algumas leis (quase) ‘inúteis’ na cidade de Bauru. Se liga: apesar de surpreendente para os ciclistas bauruenses, existe uma lei que “institui a política pública de incentivo ao uso da bicicleta na cidade de Bauru” (Lei 5.829/2009).

A lei prevê uma série de políticas públicas para fomentar o uso do modal no município como a “implementação de infraestrutura cicloviária urbana, como ciclovias, ciclofaixas, faixas compartilhadas, bicicletários e sinalização específica” e a “integração da bicicleta ao sistema de transporte público existente”.
Quase 10 anos depois de sua implementação, existem 11 quilômetros de ciclovias que não são conectadas entre si e que estão nas extremidades do município (Nações Norte, Unesp e Distrito Industrial I), além de ciclofaixas que percorrem quase 20 quilômetros. O problema é que muitas dessas ciclofaixas só funcionam aos domingos, sendo espaço de estacionamento de veículos durante a semana.
Outro aspecto ainda não cumprido da lei é que nenhum ônibus da cidade aceita o transporte de bicicletas. Somente em 2017 começou a ser discutida a criação de uma malha cicloviária efetiva na cidade. E adivinha só: até hoje, a situação é a mesma.

Leia mais em: https://jornaldois.com.br/7-leis-quase-inuteis-na-cidade-de-bauru/ 

8 – Eleições 2020: quais planos de governo citam ciclovias

Nas últimas eleições municipais, o tema da mobilidade apareceu em alguns planos de gestão dos e das prefeitáveis. Sandro Bussola (PSD) propôs a criação do programa “BikeBauru”, mas não explicou o que e como seria. Prometeu a implementação de ciclovia em toda a malha ferroviária do perímetro urbano e a instalação de “semáforos inteligentes”.

O Kim (PROS), propôs para a Secretaria de Obras a ampliação de ciclofaixas e ciclovias.

No plano de Jorge Moura (PT), as propostas referentes à mobilidade urbana envolviam a implementação de ciclovias e ciclofaixas, aluguel de bicicletas em toda a cidade e a revisão da política de cobrança no transporte público.

Suéllen Rosim (Patriota), prefeita eleita, colocou como ideia em sua proposta o início de estudos para ciclovias que atendam aos trabalhadores (projeto que já teve início na última gestão).

Leia mais em: https://jornaldois.com.br/planos-candidatos-prefeitura/ 

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