O salário médio dos trabalhadores em Bauru

Comércio e serviços concentram a maior parte dos rendimentos; valor é considerado insuficiente para custear as despesas mensais

Reportagem publicada em 06 de fevereiro de 2020

Bauruense tem uma renda abaixo da média nacional (Foto: Lucas Mendes/Jornal Dois)
Por Ana Carolina Moraes
 

A impressão de que a cada ano seu salário fica menor, não é só uma observação: é uma realidade. Desde 2011, os aumentos do salário mínimo são reajustes pontuais – o valor mínimo de pagamento subiu R$ 492,00 em seis anos. Nesse mesmo período, o custo de vida nas cidades brasileiras também aumentou de forma progressiva: fechou 2019 com alta de 3,09%.

Em 2020, por exemplo, o salário mínimo foi reajustado em 4,7% na comparação com o valor do ano anterior e passou a valer R$ 1.045,00. Com essa quantia seria possível comprar apenas duas cestas básicas e 1 quilo de carne, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Ou seja, não é suficiente para sustentar uma família e para realidade dos custos brasileiros. O Dieese considera que, a renda ideal para sustentar uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças), neste ano, é de R$ 4 mil.

A disparidade entre o salário mensal “ideal” e o “real” é grande. Dados do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) de 2017, mostram que o salário médio mensal do brasileiro era de R$ 2.811,00; para o DIEESE, a renda suficiente de uma família seria R$ 3.585,05 para o mesmo período. No estado de SP, os rendimentos mensais se aproximam da sugestão do DIEESE – a média mensal era de R$ 3.279,50. 

Mapa dos salários no interior paulista

De acordo com o CEMPRE, a renda média mensal dos bauruenses era de R$ 2.623,60 em 2017 – R$ 655,90 menor do que a média estadual. 

No comparativo com as outras cidades do interior estado de São Paulo, Bauru ocupa a quarta posição entre os maiores salários. Campinas é a cidade do interior com maior salário mensal – R$ 3.560,60, seguido por Piracicaba, com R$ 3.092,10. Ribeirão Preto está no terceiro lugar, com R$ 2.717,30. Marília, Araraquara e São José do Rio Preto empatam no quinto lugar da lista, as três cidades com rendimentos mensais de R$ 2.529,90. O salário mais baixo está em Itapetininga, com renda mensal inferior a R$ 2 mil.

A economia paulista é impulsionada pelos serviços e indústria – em 2017, 77% do PIB do estado de São Paulo foi composto pelo setor de serviços; já a indústria correspondeu à 21,4% do total, conforme os dados da Fundação SEADE. E isso se reflete na remuneração média mensal das principais cidades do interior. 

Os municípios em que a principal atividade econômica está concentrada no setor terciário (comércio de bens e produtos e prestação de produtos) pagam os maiores salários. É o caso de Campinas e Piracicaba. 

Já as cidades onde o setor industrial é forte – como Marília e Araraquara – os salários ocupam um patamar mais mediano. Por fim, as cidades que dependem da agropecuária – setor que contribui com 1,6% para o PIB paulista – possuem os salários mais baixos; é o caso de Itapetininga, onde o salário médio é de R$ 1.967,70.

Região

A maior cidade do centro-oeste paulista não é o município com os melhores pagamentos. Comparando com as cidades da região, Bauru tem o terceiro maior salário médio. O primeiro lugar é de Botucatu, onde os rendimentos mensais são, em média, de R$ 2.904,70; Lençóis Paulista figura em segundo lugar com salário mensal médio de R$ 2.717,30.

Comércio e serviços

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), entre janeiro e dezembro de 2017, os salários mensais médios de todos os setores de trabalho somavam R$ 127 milhões. Serviços e comércio concentravam a maioria dos rendimentos mensais – 44% e 26%, respectivamente. Já os setores extrativismo mineral e administração pública são os que têm menos participação – com 0,08% e 0,24%.

Falando sobre empregos, 2017 fechou o ano com saldo negativo na área de contratações: foram fechadas 598 vagas de trabalho. Naquele ano, 120.226 pessoas trabalhavam formalmente, segundo dados do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE), do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).