Meteórica passagem de Che Guevara por Bauru

Revolucionário argentino dormiu uma noite na cidade, esperando trem da Noroeste rumo a Santa Cruz de La Sierra

Coluna publicada em 14 de março de 2019

Hotel no qual Che se hospedou ficava próximo da Estação Ferroviária Central (Arte: Letícia Sartori/JORNAL DOIS)
Por Antonio Pedroso Junior, o Chinelo

Com o decorrer do tempo, geralmente muitos fatos caem no esquecimento popular e poucos se preocupam em relembrá-los. A partir de hoje, estaremos escrevendo sobre figuras ilustres ou não, que residiram ou ao menos visitaram a nossa Bauru.

Um dos casos mais emblemáticos é o de Chê Guevara que, segundo os cubanos que o acompanharam na ida para a Bolívia, teria pernoitado aqui em Bauru, na região da Praça Machado de Melo e mais precisamente no Hotel Cariani.

Teria vindo de São Paulo no trem da Companhia Paulista de Estrada de Ferro e teve que aguardar a composição da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, rumo a Santa Cruz de La Sierra, hospedando-se próximo a nossa histórica Estação Ferroviária.

Recentemente o Capitão Darcy Rodrigues esteve em visita a Cuba, onde viveu exilado durante dez anos, e o pessoal que está montando o Memorial Che Guevara afirmou que uma foto de nossa Estação estava sendo providenciada com a finalidade de registrar sua passagem por nossa terra. Anos atrás, o então Ministro dos Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vanucchi, em palestra realizada na Casa do Advogado, relatou uma conversa que teve com o General Pombo, cubano e que relatou a ele a ida para a Bolívia e a passagem curta por nossa cidade.

No filme “Diários de uma Motocicleta”, quando Che e seu acompanhante chegam a uma comunidade — falha-me a memória se é na Venezuela ou Colômbia -, no meio da floresta, e deparam-se com um grande número de hansenianos. Ao ver aquilo, Chê diz ao companheiro de viagem:

“O mundo precisa de mais Institutos Lauro de Souza Lima”.

A referência ao Instituto que orgulha os bauruenses por sua eficiência, passou quase desapercebida, entretanto emocionou aqueles que ouviram tão singela e justa homenagem.

Como na ida para a Bolívia, Chê e seus acompanhantes estavam clandestinos, com documentos falsos, torna-se muito difícil a constatação oficial deste pernoite em nossa cidade, entretanto, no Fundo DOPS do Arquivo Histórico de São Paulo, existem muitas fichas de hospedagem do Hotel Cariani arquivadas.

Para quem gosta de pesquisar, mãos a obra!