Por questões de segurança, os indígenas acompanharam a sessão por meio de um telão, no próprio acampamento. A ideia inicial era marchar até o STF. que tem sua vias de acesso ocupadas por caminhoneiros bolsonaristas desde terça-feira (7).
Essa é a quarta vez seguida que o julgamento do marco temporal é suspenso. Kutiara Sebastião Kinocita, líder da Associação de Mulheres Indígenas de Tereguá, comenta o cansaço por trás da mobilização. “Nossa expectativa é muito grande. Temos crianças e idosos acampados há semanas. Todos já estão cansados”.
A decisão do judiciário irá definir como se dará as demarcações de terras indígenas – se serão reconhecidos os direitos originários dos povos, ou se será adotado o “marco temporal”. Esse marco propõe que os indígenas só terão direito à demarcação das terras que estivessem sob sua posse em outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.
Para Kutiara, que é do povo Terena, a tese qualifica a terra como “produto”. A líder da Associação explica que os territórios, para os indígenas, “são um espaço onde podem praticar a cultura, os costumes, cânticos e vivências, além de ser um espaço para jovens e crianças darem continuidade às práticas indígenas”.
A expectativa, de acordo com ela, é que o julgamento aconteça, de fato, nesta quinta-feira e que o “judiciário se coloque no lugar de quem está há muito tempo lutando pelo seu povo”.