Sem reserva de segunda dose, vacinação começa em 11,6% do grupo prioritário

Campanha tem início a partir de hoje (21); não há reserva de segunda dose para quem for imunizado em Bauru, diz vice-prefeito, e chegada de novos insumos para vacina ainda é incerta

Publicado em 21 de janeiro de 2021

As doses estão armazenadas em novo prédio da Secretaria Municipal de Saúde (Foto: Camila Araujo/Jornal Dois)
Por Camila Araujo e Paula Betteli
Edição por Bibiana Garrido

A chegada das 8.680 doses da vacina CoronaVac foi por volta das cinco horas da tarde de ontem, dia 20 de janeiro, quando três policiais militares da tropa de choque de São Paulo bateram à porta do Departamento de Saúde Coletiva (DSC), da Secretaria Municipal de Saúde. Eles escoltavam o caminhão que saiu do Centro de Distribuição Logística (CDL), da capital paulista, com as primeiras doses da vacina contra o coronavírus.

Nem a prefeitura previa que este momento histórico seria adiantado em um dia. Isso porque a remessa estava prevista para ser entregue hoje, 21, em algum momento entre as 7h e 18h, sem um horário definido. O motivo para o adiantamento é desconhecido, segundo autoridades locais, mas o fato é que a “esperança” já está no município.

Esta primeira remessa, destinada aos profissionais da saúde que atuam na linha de frente da pandemia, foi armazenada no novo prédio do DSC, que fica na rua Machado de Assis, 15-40. Quando a reportagem do Jornal Dois chegou para registrar o armazenamento das doses, Rosilene Sebastião, a técnica de enfermagem responsável no setor, sorria. Ao mostrar o recipiente que armazena o líquido imunizante, ela declarou: “a sensação é de felicidade e esperança”.

Imunizados

A cerimônia de abertura da vacinação teve de ser feita às pressas. Marcada para ocorrer na sede da Secretaria de Saúde, ela foi transferida para o prédio da Associação Paulista de Medicina (APM), para que não houvesse limitação de espaço, segundo informou a assessoria de comunicação da prefeitura.

Os três primeiros vacinados de Bauru são funcionários da saúde e atuam na linha de frente do combate ao coronavírus (Foto: Camila Araujo/Jornal Dois)

Às 19h37 de ontem, 20, o primeiro bauruense era imunizado na cidade. José Luiz Costa Magalhães, de 66 anos, subiu dançando no palco da APM para receber a dose. Ele é auxiliar de enfermagem da UPA do Mary Dota e, quando contraiu o coronavírus no ano passado, conta que chegou a ficar entubado na UTI. Para ele, a vacina é o começo de uma estrada longa que vem pela frente e “nós temos certeza absoluta de que vamos vencer”, afirma.

Natalina Puliesi, 43 anos, foi a segunda na cerimônia que marcou o início da vacinação na cidade. Enfermeira-chefe da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Falcão, referência para tratamento da covid-19, ela disse que se sentiu honrada de estar representando a equipe de saúde na linha de frente do combate à pandemia. “Acredite na vacina, a vacina é eficaz e é a maneira pra gente controlar o vírus”, lembrou.

O terceiro a receber a dose da CoronaVac, Renan Montanher, 33 anos, médico da UBS do Geisel e da Equipe Multidisciplinar de Assistência Domiciliar da Prefeitura de Bauru. O profissional conta que “prontamente” aceitou o convite para receber uma das primeiras doses da vacina. “Eu vim com a cabeça de representar todos os profissionais de saúde envolvidos no combate à pandemia”, diz ao J2.

A prefeita Suéllen Rosim (Patriota) chamou de “alento” a chegada da vacina e apontou o momento “complicado” no município por conta das vagas limitadas de UTI – a taxa de ocupação chegou a 100% ontem.

 
 
 
 
 
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O evento contou com a participação de Orlando Costa, vice-prefeito e secretário da saúde, Ezequiel Santos, diretor da Divisão de Vigilância Epidemiológica, Rodrigo Agostinho (PSB), ex-prefeito da cidade e deputado federal, e Markinho de Sousa (PSDB), vereador.

Suéllen Rosim (Patriota): "boas notícias para começar o ano, depois de um difícil 2020" (Foto: Camila Araujo/Jornal Dois)
Sem reserva

Em 21 dias os primeiros imunizados devem receber a segunda dose.

Ainda assim, a vacina não tem reserva de segunda dose na cidade. As 8,6 mil que chegaram ao município serão aplicadas em pessoas distintas, e a quantidade é suficiente para 11% do grupo prioritário – composto por 75 mil bauruenses.

O contrário está sendo feito em algumas cidades e capitais, que guardam metade das doses do imunizante disponível para garantir a segunda dosagem em quem já recebeu a primeira: é o caso, por exemplo, de Belo Horizonte, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, e mesmo a capital paulista. Essa orientação foi emitida pelo Fórum de Governadores, uma vez que a produção da CoronaVac em solo nacional está incerta pela falta de insumos

O Brasil depende da importação do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), matéria-prima necessária na fabricação das vacinas. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, se reuniu, na quarta-feira, 20, com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, para tratar da liberação dos insumos. De acordo com o governo chinês, há dificuldades técnicas para o envio.

Orlando Dias, vice-prefeito e secretário municipal de saúde, afirmou ao J2 que “novas remessas vão chegar semanalmente”.

Campanha

Ezequiel Ramos pontua que neste primeiro momento a vacina será distribuída para os profissionais da linha de frente no combate à covid: cerca de 1.700 servidores da saúde, que estão atuando nas UPAs, nos pronto-socorros, em UTIs. 

Também estão no grupo prioritário para receber a CoronaVac 1.500 pacientes idosos com mais de 60 anos que estão em instituições de longa permanência, as casas de repouso, e 300 pessoas com deficiência em residências inclusivas, como a APAE.

As outras 5.100 doses serão destinadas a profissionais de saúde que atuam com o coronavírus em hospitais públicos e privados. Com isso, 40% dos 17 mil profissionais de saúde da cidade serão vacinados nesta remessa. E assim a imunização continua: pessoas com idades acima de 75 anos, seguido por aqueles entre 60 a 74 anos. Para essas pessoas, a imunização está prevista até o final de março.

Primeiro vacinado, José Luiz Costa Magalhães, é técnico de enfermagem no UPA do Mary Dota e já esteve internado com covid-19 no ano passado (Foto: Camila Araujo/Jornal Dois)

Serão 30 unidades de saúde usadas como pontos para aplicar a vacina. Cada equipe de vacinação será composta por cinco pessoas, entre estudantes universitários da área de saúde que serão mobilizados e capacitados para integrar esta força-tarefa. 

Agravo da pandemia em Bauru

A segunda semana de 2021 registrou o segundo maior número de casos positivos para a covid-19 desde o início da pandemia. Entre os dias 12 e 18 de janeiro, foram 1298 novos casos e oito óbitos. Na semana anterior, o número de óbitos tinha sido 17.

Com ocupação de UTIs crescente desde o começo de dezembro, a cidade atingiu 100% dos leitos de UTI ocupados ontem, 20. No Plano São Plano, o avanço do coronavírus fez o município retornar para a fase laranja, sendo que estava na fase amarela até o dia 15 de janeiro. Apesar de ter sido classificada pelo estado como uma das 43 cidades em alerta, um decreto publicado pela prefeita Suéllen Rosim flexibilizou algumas medidas recomendadas na fase atual, liberando a abertura de bares, por exemplo, setor que ficaria proibido na classificação atual.

O vice-prefeito, Orlando Costa Dias, avalia que a fase laranja flexibilizada deve se manter por um tempo. Caso o comércio feche novamente, segundo ele, a situação fica difícil. “Você cria uma crise financeira na cidade”, declara.

Até o momento, 23.440 pessoas testaram positivo para o coronavírus em Bauru, com 332 mortes registradas pela doença. São 20.023 curados no município.

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