Projeto Dafnes: mulheres se juntam pela arte; um “grito” à produção feminina do interior paulista
Treze mulheres artistas de Bauru se unem para discutir mitologia, vivências e trazer uma visão do papel da mulher na arte atual
Coluna publicada em 1 de fevereiro de 2018
Por Vitória Garcia Galhardo, colunista do JORNAL DOIS
Nesses últimos dias os moradores de Bauru mais ligados ao meio cultural puderam alegrar-se com atividades que mostram o potencial de diversidade cultural na cidade. No dia 26/02, além do “Slam”, que já pudemos ver em algumas edições, tivemos a oportunidade de ver a estreia da ocupação cultural “Eu, Dafne”, na Pinacoteca Municipal, realizada por dez mulheres artistas atuantes na cena cultural bauruense.
Idealizado inicialmente como uma produção de conteúdo audiovisual, o “Projeto Dafnes” foi criado por Liene Saddi, doutora em Artes Visuais pela Unicamp, e uniu outras três mulheres da cidade — Karin Silva, Pâmela Gentil e Vitória Galhardo. O projeto mais tarde seria aprovado na Lei de Estímulo a Cultura de Bauru. A proposta era criar uma web-série composta por dez episódios, mostrando o processo criativo das artistas convidadas atreladas ao mito grego de Dafne e Apolo, além do lançamento posterior de um documentário que uniria a fala dessas mulheres e a de outras moradoras da cidade, atuantes na arte ou não.
Assim como outras iniciativas de parecida premissa, temos que entender a importância desse projeto sensorial para a cena cultural da cidade. Estamos mais acostumados com produtos desenvolvidos por homens e também discursos que atuam somente na camada da classe média-alta da sociedade. Além, é claro, do projeto ter sido realizado majoritariamente por mulheres, ele traz a oportunidade de uma pluralidade de olhares, que passa por diversas camadas e culturas. Dentro do projeto da web-série, por exemplo, poderemos ver meninas de gêneros diferentes, diferentes sexualidades e, o mais importante, diversos campos da arte: música, performance, design, audiovisual, literatura, entre outras. E esse é o ponto mais importante, o de trabalhar os diferentes olhares para que seja possível conectar mais pessoas à arte, ao cinema e à solidariedade e amor ao próximo.
A ocupação cultural “Eu, Dafne” é apenas o início do projeto, e só na estreia reuniu cerca de cem pessoas de diferentes faixas etárias (e como todo o projeto feito com amor, alguns problemas técnicos resultaram em ainda mais calor humano).
Com a apresentação do projeto foi possível ver a sensibilidade das pessoas junto à mitologia, além de passar uma visão que tem sido muito discutida até mesmo na indústria hollywoodiana — a produção de mulheres e sua importância dentro do audiovisual e das artes. Mesmo que essa seja uma discussão de décadas (pensando nos meios artísticos), o momento está sendo aqui e agora.
Nos próximos meses poderemos nos conectar novamente com peças do Projeto Dafnes (começando dia 20/02, com o primeiro episódio da web-série que já tem teaser), e ver novas oportunidades de criar um novo amanhã, mais justo para as mulheres e outras minorias que precisam ser ouvidas.
As colunas são um espaço de opinião. As posições e argumentos expressas neste espaço não necessariamente refletem o ponto de vista do JORNAL DOIS.
Últimas
- Conselho Municipal da Juventude é formado e inicia atividades
- EDITORIAL: Vote por um Conselho Tutelar laico, humanizado e representativo
- Quais são as candidaturas ao Conselho Tutelar?
- Grito dos Excluídos e os desdobramentos da luta bauruense
- Só a luta popular pode frear o aumento da tarifa de ônibus
Comentários