O que vai rolar no amador? Conheça as propostas para a presidência da LBFA

Três candidatos concorrem ao posto que pertenceu a Vicente Silvestre por uma década e prometem reformular o futebol amador na cidade

Reportagem publicada em 22 de janeiro de 2019

 

Primeira chamada para a eleição vai acontecer as 14h e a segunda às 14h30. Resultado será divulgado ás 16h (Imagens: rede social e Lorenzo Santiago/ JORNAL DOIS)


Por Lorenzo Santiago

Depois de dez anos a Liga Bauruense de Futebol Amador (LBFA) vai ter um novo presidente. A eleição está marcada para o próximo sábado, dia 26, com voto dos 18 clubes que disputarão a primeira divisão em 2019.

Para entender as mudanças que podem acontecer no futebol amador nesse ano, o J2 entrevistou os três presidenciáveis da Liga para apresentar as principais propostas de cada um deles.

Os candidatos

Milton Porto, 52 anos, gestor empresarial e atual Diretor de Árbitros da Liga.
Augusto Cardoso, 56 anos, agente funerário.
Benedito Ramos (seu Dito), 55 anos, aposentado.

A seguir, as principais propostas para reformulação da LFBA, o que cada um defende sobre o formato do campeonato, duração da temporada, captação de recursos, relação com a arbitragem, jogadores, manutenção do campo e o Tribunal de Justiça Desportiva.

Reformulação da Liga

Milton Porto — “Primeiro, temos que começar uma reforma completa. Hoje é vergonhoso você levar uma visita na Liga, não é apresentável em nenhum dos aspectos, então temos que mudar tudo, desde a mobília até o computador. Essa inclusive é uma das minhas propostas, informatizar a Liga. Deixar tudo online, até mesmo no campo. Não nos primeiros meses, mas, se eu for eleito, vamos levar no primeiro ano tablets para os campos, em um sistema online. Tendo o nosso aplicativo, você sabe quanto está os jogos ao vivo, se saiu cartão, gol.

Para isso precisa de um profissional de TI (Tecnologia da Informação), e ele não vai só implantar como dar um curso para quem vai usar, para os funcionários que vão trabalhar na Liga. Vão ter três funcionários trabalhando para a Liga (Diretor técnico, Administrativo e Financeiro). Esses três vão estar lá de segunda a sexta e de sábado até o meio dia. Mensalmente vai estar o balancete na parede. O principal ponto de qualquer candidato é imprescindível a transparência.

Vamos fazer uma sala de imprensa, que já existia há 15 anos. Então, tudo que a imprensa precisa saber, vai estar nesta sala. Seria um espaço para toda a população mas com prioridade para a imprensa.

Augusto Cardoso—“Primeira coisa é tirar a arbitragem da Liga. Eu não acho certo o presidente da Liga mandar na arbitragem como era antigamente. A Liga passa a relação de jogos, a comissão de árbitros que escala e que resolve. Eu quero deixar mais independente. O Vicente antes era quem fazia a escala. Eu quero fazer desvinculado a arbitragem e a Liga.

Para esse ano acho que ainda não vai dar, talvez pro segundo semestre, mas eu tenho a proposta de montar uma clínica de fisioterapia dentro da Liga para tratar os jogadores que se machucam dentro da Liga.

Precisa de uma reforma geral na Liga, pintar, organizar a casa até pra poder fazer um coquetel e convidar o pessoal da Federação por exemplo”.

Benedito Ramos — A gente ta querendo informatizar a Liga. Acabar com o trabalho manual. Cada representante tem seu tablets pra informatizar na hora pra central. O recurso pra isso a gente vai ter que tirar da própria Liga, tirar salário, mas vai ter que informatizar. Os profissionais pra isso a Liga vai dar um jeito. Mas não posso te responder quais profissionais vão ter pra isso.

Primeira coisa que a gente tem que fazer é levantar a Liga. O candidato que ganhar vai ter que resolver o problema de documentação de clubes e fazer um negocio transparente”.

Formato do campeonato

Milton Porto — “Já estamos elaborando uma nova fórmula de disputa, mas ainda não pretendo apresentá-lo, porque eu ainda não fui eleito, então eu preciso apresentar para os clubes, para ver se eles aceitam, se eles concordam. Mas é uma fórmula de disputa que já está sendo utilizada em várias competições. Do quadrangular pra frente tem que mudar. tem tido muitas reclamações. Vamos levar a proposta para os clubes e ver o que eles acham”.

Augusto Cardoso — “Eu quero fazer um formato diferente, mas com consentimento dos clubes. Minha ideia é fazer um campeonato com turno e returno: 30 jogos na primeira fase. Classificam 8, mata mata, de 8 cai pra 4, de 4 cai pra 2 e final. Todos os times vão jogar, 30 jogos na primeira fase ida e volta. No final seriam quase 40 datas. É bom porque o time faz um investimento e joga bastante jogos. O campeonato amador tem que ter final, se não perde a graça, perde a essência. Isso vai ser proposto, e os clubes vão decidir.

A ideia é ter 16 clubes. O ideal era 20, mas pelo número de campos vai ser 16 e no máximo 18. Número ímpar de clubes não. Vamos tentar liberar o campo do Oriente para ajudar”.

Seu Dito— “Eu pretendo primeiro formar a minha diretoria, nomear o meu diretor de esportes pra gente conversar sobre isso. Pra mim tem que ser um mata mata no final. Mas eu quero o apoio do meu diretor de esportes. Se a gente ganhar a gente vai sentar e fazer uma reunião com meu secretário pra gente poder decidir”.

Duração da temporada

Porto —“Abril é uma data tranquila para começar, até para dar tempo de montar tudo, com tranquilidade, aparando as arestas. Meados de 10 a 15 de dezembro seria uma data interessante para terminar. Pela importância do amador, por mexer com toda a periferia, não existe uma outra forma de lazer. Então quanto mais der pra gente esticar o amador, isso é uma forma de disponibilizar mais finais de semana para o lazer da população”.

Augusto — “Eu acredito que vamos conseguir fazer o campeonato de Abril até o começo de Dezembro. O problema que vai ser são os estádios. O Edmundo Coube tá em obras e a ideia é que a final seja lá”.

Seu Dito — “Entre Abril e Outubro,no máximo final de Outubro. Tudo vai depender da liberação dos campos, do nosso secretário de esportes”.

Captação de recursos

Porto — “O recurso que entra hoje na Liga vai cobrir todas essas propostas que eu estou te falando. Hoje, eu tenho parceiros que estão esperando uma mudança na estrutura da Liga, para que eles possam investir. A Liga estando bem, conseguimos parcerias com empresas, como tinha há 15 anos atrás. Queremos ter um caixa para mandar os clubes para disputar o Regional, um dinheiro que dê retorno, que possa ajudar os clubes”.

Augusto —“Estamos atrás de patrocínios e alguns já estão engatilhados. Para 2020 possivelmente vai ter uma empresa que vai bancar, se não tudo, metade da taxa de arbitragem. Se eu conseguir abaixar a taxa pra R$100, vai ficar muito mais fácil para os clubes. Esses patrocínios seriam principalmente para camisetas”.

Seu Dito — A Liga vive hoje com 25% doado pela arbitragem. Cada clube paga 200 reais de arbitragem, e 50 reais desse valor vai pra Liga. A Liga só tem esse recurso, e esse ano a gente vai tentar tocar a Liga com isso daí. Primeiro precisar legalizar a documentação de todos os 36 clubes da Liga pra gente poder correr atrás de recursos”.

Relação com arbitragem

Porto —“Pretendemos fazer uma reciclagem, novos nomes, novas pessoas. A arbitragem é a espinha dorsal da Liga. A arbitragem indo bem, tudo caminha bem. Eu pretendo unir todo o pessoal que saiu por diversos motivos, por confusão, incompatibilidade de gênio.

O departamento de árbitros vai continuar tendo um diretor. Eu não vou influenciar, mas vou supervisionar, quem tá trabalhando, quem teve problema, o que é normal. Mas eu vou ter um diretor que tem credibilidade com todos os clubes, e que já foi árbitro. Não vou falar o nome até por uma questão de ética. Os representantes (mesários) vamos mudar, vai ficar só um. Quem trabalhar no sábado não vai trabalhar no domingo.

Augusto — “A arbitragem vai ser independente da Liga. O mesário vai ficar a cargo da Liga, independente da arbitragem. O mesário tem que ser de confiança, porque a arbitragem pode errar, mas eu tenho que saber certo (o que aconteceu). Antes era junto com a Liga, então eles escreviam uma súmula, conversavam depois e faziam uma súmula com o que não aconteceu. A súmula vai ser feita em 3 vias, assinada pelo treinador de cada clube além do mesário.

Punição de cartões eu estou pensando seriamente em punir com doação de caixa de leite e doação de leite para a APAE, para instituições que fazem assistência”.

Seu Dito — “Eu to querendo primeiro formar a minha diretoria de arbitragem, ai a gente se reunir pra chegar no lugar certo. Esse ano a gente vai continuar do jeito que tá. Mas eu quero mudar pra sair um pouco da responsabilidade da Liga os problemas de arbitragem. Eu vou conversar com os árbitros e com meu diretor de esportes pra ver se a gente chega em algum acordo”.

Inscrição de jogadores

Porto —“No chamamento para os clubes para que a gente define detalhes. Eu quero pegar, por exemplo, 40 fichas. Essas 40 são suficientes para inscrever jogadores o ano todo, acabou as fichas problema seu. Mas eu não vejo problema de ouvir dos clubes como ser distribuídas as fichas. Eu não acho justo cobrar pelas fichas excedentes. Eu não quero que seja a festa das fichas, mas é possível ouvir dos clubes o que eles acham. Se eles entenderem que deve permanecer do jeito que estava, a gente vai ouvir e ver como se encaixa isso, mas levando de uma forma mais séria”.

Augusto —“Até dia 1 de Fevereiro já começam as inscrições das equipes. A minha ideia é os clubes terem 25 fichas e só mais 5 para trocar jogadores, com data limite para essa troca. Para mim, quem joga Semel, pode jogar a Liga”.

Seu Dito — Eu vou permanecer no começo do jeito que tá. Até o meio do ano eu vou informatizar a Liga e fazer um negocio melhor. A gente vai ter que sentar com a diretoria e resolver uma coisa melhor.

Manutenção do campo

Porto —“Isso é mais direcionado para a Semel. A verba disponibilizada para isso vem diminuindo cada vez mais. Por isso é importante os parceiros. No que a Liga pode ajudar? Marcação de campos, por exemplo. Então aquilo que a gente pode suprir a gente faz”.

Augusto — “Dá pra diminuir a cobrança, porque cobrar de algo que não é seu é complicado. A Semel a gente sabe que não tem como de deixar os estádios em condições”.

Seu Dito — “É difícil pro secretario resolver isso de uma hora pra outra. O que eles tão fazendo já tá bom, já está ótimo”.

Tribunal de Justiça

Porto — “Eu acho que o doutor Yamashita conduz muito bem a equipe dele, a equipe de advogados da OAB. Jamais eu vou me envolver em uma decisão do tribunal. Claro que o presidente tem alguns poderes de interferir se ele ver que é necessário, mas acho que não será. Eles terão carta branca, é um departamento que não queremos atrapalhar. O que eu quero é melhorar o local de trabalho deles”.

Augusto — “Sou a favor de continuar no TJ, mas ser mais rígido. Na hora de sair o regulamento já vai estar escrito: o cara foi expulso uma vez, na outra (expulsão) já vai pegar dois jogos, na outra três, agressão, elimina o jogador, pegou 30 dias vai cumprir 30 dias. O TJ vai julgar, mas o regulamento já vai definir algumas coisas. Porque se não, não adianta”.

Seu Dito — “O Tribunal de Justiça já está ótimo, são pessoas competentes. É só da liberdade pra eles trabalharem. Se tiver que punir, vai ter que punir”.

Unificação

Os candidatos foram questionados em relação à proposta de unificação dos campeonatos da LBFA com a Copa Semel de futebol amador. A Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Semel) já anunciou que não tem a pretensão de continuar pagando a taxa de arbitragem na Copa.

Ubiratan Alves, diretor de Futebol da pasta, alega que a verba da secretaria vem reduzindo ano após ano, e como a prioridade é a manutenção dos estádios distritais, a organização e financiamento dos campeonatos amadores pode ficar sem recursos para 2020. Na Copa Semel, a taxa de arbitragem custa R$500 por partida — em 2019 os clubes terão que contribuir com R$100 por jogo. A projeção é que para o ano que vem, a Semel não tenha recursos suficientes para organizar esse campeonato.

“Se os clubes decidirem pagar a taxa de arbitragem, pode ser que a gente reveja o planejamento e decida continuar com a Copa Semel”, avalia o diretor. “Mas a prioridade é ver se a gente consegue juntar todos na Liga Bauruense, que é uma entidade que tem todas as condições de tocar esses campeonatos”.

Segundo Ubiratan, os gastos para a organização da Copa Semel são as taxas de arbitragem e premiação com medalhas e troféu. Para ter uma noção, em 2018 a taxa de arbitragem custava R$400 reais por partida: no mês de junho foram 32 jogos, disputados em 4 rodadas, o que equivale à R$12,8 mil.

Os candidatos à presidência da LBFA comentaram a possível unificação:

Porto —“Se hoje existe número de campos que dá pra tocar os dois campeonatos, eu não vejo nenhum problema na fusão. Mas é importante que todos os envolvidos estejam nessa discussão. Os clubes que estão na primeira divisão e na segunda divisão serão consultados e vão decidir se isso vai ocorrer ou não. Na minha administração não vai ter ditadura. Vamos ouvir todas as ideias e vamos tentar colocar em prática as melhores ideias. Existe um contexto que se chama Clubes. Esses clubes devem participar e dizer se é possível ou não”.

Augusto — “A ideia eu acho certa, mas não de forma imediata. Não tem como escolher os times que vão jogar a primeira divisão, por exemplo. Eu sou a favor de a Liga administrar separadamente os dois campeonatos. Assim como existe a proposta de algumas prefeituras para a Liga administrar o Regional, que já existia e reunia clubes da região: Pederneiras, Agudos, etc. E está sendo conversada a possibilidade de a gente organizar um campeonato em Boracéia. Para os campeonatos de Bauru, a Liga organizaria os campeonatos do jeito que já está, mas com Módulo 1 e Módulo 2, o nome é o que menos importa. A segunda divisão continua existindo. A ideia é que, se houver acordo entre todas as partes, fazer um campeonato com ranking, para no futuro unificar”.

Seu Dito — Não vamos deixar os clubes da Semel sem campeonato. Vamos abraçar. Quero estudar a melhor forma, sentar com o Bira, com o secretario de esportes, com a minha diretoria e ver o que a gente pode fazer. O problema maior é campo, mas vai ser solucionado se Deus quiser. Também é algo que a gente tem que estudar. E tem que ter o apoio dos clubes também”.