O flautista do apocalipse 

Abertura do comércio a qualquer custo pode gerar dívidas gigantescas aos pequenos comerciantes; um trabalhador ou trabalhadora que se contaminar por covid-19 no serviço tem direito de exigir indenização do patrão

Publicado em 1 de abril de 2021

Na lenda medieval, o flautista de Hamelin enfeitiçou 130 crianças em transe e as trancou em uma caverna fora da cidade (Foto: DUNCAN1890/GETTY IMAGES)
Por Edilson Nogueira Marciano, em coluna ao J2

Cuidado com o Flautista de Hamelin.

Sim, tem gente que diz defender o interesse dos comerciantes e está tocando em sua flauta, notas doces aos ouvidos desses empresários, frequências estas que podem leva-los a falência.

A insistência na abertura do comércio a qualquer preço pode gerar um passivo trabalhista gigantesco aos pequenos comerciantes.

Se existe a preocupação pela falta de movimentação financeira, a responsabilidade civil desses empresários pode trazer prejuízos ainda maiores.

O empregador tem a obrigação de zelar pela conservação da saúde de seus empregados, sendo que quanto maior for a exposição do empregado a riscos ambientais do trabalho, maior deverá ser o cuidado e a prevenção dos acidentes.

Logo, se um funcionário do comércio contrair covid-19 no ambiente de trabalho, ele terá estabilidade de 12 meses. Ou seja, você terá que pagar os salários dele por um ano, mesmo que você tenha fechado a sua loja e, ainda, este empregado poderá exigir de você uma indenização pelo acidente que sofreu.

E no caso de este trabalhador morrer, você poderá ter que suportar altíssimas condenações que podem te levar a falência.

Cuidado com o flautista, ele está tocando as notas que te agradam neste momento, mas que podem estar te levando para o precipício.

As colunas são um espaço de opinião. Posições e argumentos expressos neste espaço não necessariamente refletem o ponto de vista do Jornal Dois.

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