O motor da saúde sem combustível
Ex-motorista do Pronto Socorro Central, Carlinhos do PS (PTB) busca reeleição após um mandato com apenas um projeto protocolado na Câmara
Publicado em 11 de novembro de 2020
Por Egberto Santana
Titular na Câmara Legislativa desde 2009, Luiz Carlos Bastazini (PTB) é o vereador com menos uso na tribuna. Quando acontece, vira matéria nos jornais. O caso mais recente é de 2015. Na tribuna, ele brincou com o ocorrido: “quando uso, é porque a coisa tá medonha”. O seu apelido de urna, Carlinhos do PS, vem do seu trabalho no Pronto Socorro Central como motorista da ambulância.
Ao ser eleito em 2016, Carlinhos estava filiado ao Partido Verde (PV) e conseguiu 2.959 votos, sendo o quinto mais votado. O resultado das eleições não refletiu no mandato e o vereador protocolou apenas um Projeto de Lei, em conjunto com Miltinho Sardin, e não convocou nenhuma audiência pública.
Com a janela eleitoral de 2020, o vereador passou a fazer parte do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), partido o qual busca sua 2ª reeleição.
Em seu perfil no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referente a eleição de 2016, quatro profissões foram declaradas: vendedor pracista, representante, caixeiro-viajante e assemelhados. Para as eleições 2020, a ocupação do candidato consta apenas como “vereador”.
Bastazini possui outra peculiaridade: é dele o menor valor de bens declarados no TSE em 2016. A quantida de R$ 5.000,00 é referente ao carro Savero, de 1990.
A participação em momentos decisivos também não foi o forte de Carlinhos. O vereador se ausentou na votação do pedido de Comissão Processante (CP) contra o prefeito Clodoaldo Gazzetta (PSDB). Coronel Meira (PSL) havia requisitado investigação ao alegar que o chefe do Executivo teria descumprido a Lei Orgânica do Município (LOM) ao não permitir que seu secretário de Obras comparecesse em reunião com moradores, convocada pelo Coronel, no dia 15 de outubro de 2019. Carlinhos alegou motivos de saúde para sua falta. O pedido da CP foi negado e arquivado.
Questionável
Pela experiência no Pronto Socorro, não seria estranho que Bastazini pautasse a questão da saúde durante sua atuação na Câmara. Um exemplo é o projeto PL 39/2019, protocolado e aprovado durante este mandato, que trata do combate natural contra a epidemia da dengue, a partir da plantação da planta Crotalaria juncea, que teria a capacidade de atrair libélulas, predadoras do mosquito da dengue.
Essa matéria, entretanto, teve parecer desfavorável pela Secretaria de Saúde, que julgou a medida ineficaz no combate à doença. O projeto, em parceria com Miltinho Sardin (PTB), passou pela Comissão de Meio Ambiente, Higiene, Saúde, Previdência e Direito e Proteção Dos Animais da Câmara, mas também teve voto contrário do vereador Coronel Meira (PSL), um dos membros da Comissão.
Carlinhos é membro de quatro comissões da câmara desde 2017: Meio Ambiente, Higiene, Saúde, Previdência e Direito e Proteção dos Animais; Comissão Interpartidária; Obras, Serviços Públicos, Habitação e Transportes; e Economia, Finanças e Orçamento. Sua presença foi frequente nas reuniões, mas sem grandes destaques nas ações.
O vereador não requisitou audiência pública ao longo do mandato. A ferramenta serve para ouvir e informar a população sobre as principais demandas do município. Em seu mandato anterior, também não houve nenhuma convocação neste sentido.
Carlinhos também não explorou a possibilidade de usar as moções entre 2017 a 2020. Foram apenas três, todas de aplauso. Os beneficiados foram a Associação Sem Limite (voltada para as causas sociais da cidade), a Fundação de Previdência dos Servidores Públicos Municipais Efetivos de Bauru (Funprev) e a senhora Solange Santos Ferreira Reis, pela relevância dos serviços prestados à educação de Bauru.
Em seu mandato atual, 720 indicações foram feitas. Uma delas, em 2017, foi destaque por pedir a suspensão da cobrança do Fundo de Tratamento de Esgoto (FTE), cobrado na conta de água dos bauruenses. A justificativa usada pelo vereador foi a de que o Executivo já tinha verba suficiente para pagar essa despesa. As contas do FTE em 2019 fecharam em mais de R$ 171 milhões, valor voltado para as obras de tratamento de esgoto. O fundo ainda é cobrado pelo Executivo.
De acordo com o Portal da Transparência, Luiz Carlos Bastazini ganhou R$ 292 mil desde o início do seu mandato em 2017 até a setembro de 2020.
Procurado pela reportagem, a assessoria de Bastazini disse que não era possível falar com o vereador, pois ele “estava viajando”. A equipe enviou perguntas por e-mail, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.
Pílulas do Poder é o Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo de Egberto Santana e Natália Santos na Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, com orientação da Profª. Drª. Suely Maciel e tem o apoio e a revisão da equipe do Jornal Dois.