Congada de Santa Efigênia encerra a 4ª edição do Café Ancestral

Manifestação popular de Mogi das Cruzes (SP) realizou cortejo pelo centro de Bauru; evento do Comitê de Ação Cultural da Unesp realizou três dias de atividades gratuitas

Mestra Laine regendo a Congada de Santa Efigênia

Por Sarah Vitória

No último sábado (9), a Congada de Santa de Efigênia de Mogi das Cruzes encantou o Calçadão de Bauru com o seu Cortejo de louvação a diversos padroeiros do catolicismo e dos cultos de matriz africana durante uma hora e meia. O grupo iniciou o percurso saindo do Museu Ferroviário de Bauru em direção à Praça Rui Barbosa, percorrendo a Batista de Carvalho com muita música, percussão, danças e coreografias de tradição afro-católica.  

A atividade fez parte do encerramento da 4º edição do Café Ancestral, festival organizado pelo Comitê de Ação Cultural (CAC) da Unesp de Bauru e Pilastri Assessoria. O festival busca evidenciar a valorização dos mestres e mestras das culturas populares tradicionais e fomentar a integração dos alunos e da comunidade externa ao campus da Unesp de Bauru. Com o intuito de que as pessoas conheçam mais sobre as culturas de matrizes africanas, promovendo o compartilhamento de saberes tradicionais com o conhecimento acadêmico. Em prol da valorização dessas culturas, da luta anti racista e a valorização desse patrimônio cultural.

 Andresa Ugaya, vice supervisora do NUPE (Núcleo Negro para Pesquisa e Extensão da Unesp) e idealizadora do Café Ancestral, destaca sobre a importância do festival. “A gente vai mantendo essa resistência, essa luta. Tentando ampliar esse conhecimento das nossas culturas, acho que isso é válido e o mais importante. Ter essas pessoas aqui nos alimenta, nos fortalece.” .

Cortejo da Congada de Santa Efigênia

Nesta edição, o Café Ancestral promoveu três dias de atividades pela cidade. Em sua programação, foi realizado uma vivência com o Maracatu Abayomi, grupo percussivo que estuda e toca o Maracatu de Baque Virado em Bauru, seguido de uma roda de conversa sobre a Nação Encanto do Pina (Recife – PE) e oficina de percussão ministrada pela Yabá Tenily Guian. No segundo dia, a roda de conversa e oficina de danças populares foi realizada pelo sambista Tobias Terceiro, presidente da Estação Primeiro de Agosto de Bauru. 

A Congada de Santa Efigênia encerrou a programação do festival no sábado à tarde, após o Cortejo pelo Calçadão da Batista. Laine Afonso, mestra da congada, contou a história do grupo e realizou uma oficina das danças e ritmos tradicionais da congada para os presentes. Depois de 6 horas de viagem para chegarem em Bauru, a mestra declarou estar ‘emocionada” com a receptividade da cidade: “Desde a recepção, recebemos muito carinho. Ver a alegria, as pessoas se emocionando ao ver a Congada, cantando e louvando junto em cortejo.” 


Mestra Laine, aos 18 anos, foi a primeira mulher a ser reconhecida como mestre de Congada do Estado de São Paulo. Hoje, aos 43 anos, segue levando a tradição da Congada pelo estado, trazendo o legado de sua família,  após quatro gerações de mestres, desde o seu bisavô em Santana dos Montes, em Minas Gerais. Após o falecimento de seu pai, Capitão Zé Baiano –  fundador da Congada de Santa Efigênia em Mogi das Cruzes em 1984 -, Laine assumiu a direção da tradição.


Trazendo as cores verde e branca, simbolizando paz e esperança, hoje com 40 membros e três ritmos de percussão (marcha, dobrado e marcha picada), o grupo trouxe cânticos e danças em homenagem a todos os Santos. Com 12 membros presentes no cortejo, Mestra Laine encerrou as atividades agradecendo o convite e expressando o desejo de voltar com o grupo completo em uma próxima  oportunidade.