Greta Gerwig, indicada pelo filme “Lady Birdy — A Hora de Voar” (Reprodução)

Por Vitória Galhardo, colunista do JORNAL DOIS


Desde Alice Guy Blaché (1873–1968) — considerada a mãe do cinema — podemos ver uma incontável quantidade de obras que envolvem mulheres em sua produção, porém ainda inalcançável em vista da quantidade de homens trabalhando com o audiovisual. Este ano de 2018 tem se tornado muito importante para as mulheres que trabalham com audiovisual — principalmente em Hollywood — mas que refletem também produções independentes ou de outros caráteres ao redor do mundo.

Tudo isso aconteceu devido as acusações de assédio ao produtor americano Harvey Weinstein, divulgadas pelo jornal “The New York Times” em outubro de 2017. Atrizes como Ashley Judd, Jessica Barth, Katherine Kendall, Rose McGowan se uniram para levantar as situações vividas com o poderoso produtor. A partir desses relatos, várias atrizes começaram a pronunciar-se sobre agressões, assédios e abusos sofridos em produções ao decorrer de sua vida, como a conhecida Angelina Jolie. Desde então vários casos estão vindo à tona.

O que isso reflete na vida das produtoras audiovisuais e atrizes?

Além da possibilidade de trabalhar justamente sem sofrer nenhum problema de assédio durante as gravações no set ou pós-produção, uma grande credibilidade e confiança para que os grandes estúdios apoiem a produção feminina no cinema e outros campos do audiovisual.

Há uma importância de igualdade. De respeito. De oportunidades. No Brasil sabemos de todas as dificuldades dentro do audiovisual, principalmente para as mulheres, ainda mais em interiores dos estados, onde as leis oferecem poucas oportunidades, e as mais “satisfatórias”, como a lei Rouanet, aprovam e beneficiam outras classes já mais privilegiadas ou dentro das ideias de mercado.

Greta Gerwig, indicada pelo filme “Lady Birdy — A Hora de Voar” (Reprodução)

Com isso é importante refletir sobre a importância da visão feminina dentro do mercado audiovisual, seu papel.

Importante destacar que em noventa anos de Oscar, apenas cinco mulheres foram indicadas a categoria de melhor direção, com apenas uma ganhadora — Kathryn Bigelow em 2010 — e nesse ano temos Greta Gerwig representando essa quinta indicada pelo filme “Lady Birdy — A Hora de Voar” (2017). Também um feito importante é a indicação de melhor fotografia — primeira de uma mulher — de Rachel Morrison pelo filme “Mudbound: Lágrimas sobre o Mississippi”.

Encerrar essa discussão é pedir por esperança de mais oportunidades e conferir o Oscar 2018 no dia quatro de março esperando por prêmios femininos e mais representatividade, como pudemos ver em outras premiações do ano. E ficamos com esse discurso incrível que Oprah Winfrey teve o prazer de nos dar no Globo de Ouro desse ano.