A Fazenda Santa Fé, que protagoniza a disputa judicial, comporta 17 famílias. As demais estão na área da Fazenda Portal do Paraíso. Dessas 17 famílias, 8 decidiram continuar no assentamento, contrariando a ação do Incra deste ano.
De acordo com Márcio José, membro da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e morador do Luiz Beltrame, a reintegração é inconstitucional por não respeitar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que no início de dezembro estendeu até 31 de março de 2022 as regras que suspendem despejos e desocupações em áreas urbanas e rurais em razão da covid-19.
Segundo o morador, as famílias que optaram por sair do assentamento, receberam promessas de reassentamento em 90 dias, casas com eletricidade e concreto, o que na opinião dele, são “promessas infundadas”. “Na nossa avaliação enquanto MST é que não existe lógica em remover um assentamento na véspera de natal. É desumano. Estamos falando de um assentamento consolidado a quase 10 anos, com uma comunidade já cristalizada no território. E ao invés do Incra defender as famílias, assumiu a bandeira do despejo”, afirmou.
No site oficial do MST Brasil, o movimento reivindica a suspensão imediata da remoção das famílias por parte do INCRA e a manutenção de suas moradias, estabelecidas desde 2012. De acordo com o movimento, a remoção das famílias após a oficialização do assentamento abre “precedentes muito graves nos direitos fundamentais das famílias assentadas de todo o Brasil”.