Ambientalistas de Bauru e região se manifestam contra a flexibilização da Lei do Cerrado

O Projeto de Lei flexibiliza a exploração de fragmentos do bioma e altera a medida de compensação prevista na Lei 13.550, a Lei do Cerrado

Publicado em 6 de julho de 2021

Por Victória Ribeiro
Erik Mulato, presidente da ONG SOS Cerrado, de Bauru, e Lara Padilha, representante do Núcleo de Proteção Ambiental Cerrado Vive, de São Carlos, estiveram na Câmara Municipal de Rio Claro nesta segunda-feira (6) para protestar contra a flexibilização da Lei do Cerrado, proposto no Projeto de Lei 138/21 da deputada estadual Valéria Bolsonaro (sem partido). O documento foi protocolado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em março deste ano.
 
Os socioambientalistas entregaram à deputada o documento “Manifestação contrária ao PL 138/21”. O texto de 43 páginas traz informações sobre as principais características do Cerrado no Estado de São Paulo e mostra “equívocos jurídicos” colocados na proposta da parlamentar. Na ocasião, Valéria Bolsonaro disse que se compromete em ler o manifesto antes de prosseguir com a proposta.
 
O PL flexibiliza a exploração de fragmentos do bioma e altera a medida de compensação prevista na Lei 13.550, a Lei do Cerrado. Esta legislação determina que, em casos autorizados de desmatamento deve ser feito um plantio que possua ao menos três vezes o tamanho da área desmatada. Já o projeto apresentado pela deputada possibilita a supressão vegetal com compensação ambiental de uma vez do tamanho da terra.
“O projeto de lei não faz referência aos aspectos técnicos e científicos que envolvem o tema da proteção do Cerrado, tais como a importância desse ecossistema para a renovação dos mananciais”, diz trecho da manifestação.
 
O Presidente da SOS Cerrado afirma que não houve participação do setor ambiental na elaboração do PL. Essa ausência, segundo ele, evidencia um retrocesso na proteção do meio-ambiente e um avanço nas demandas de setores empresariais.
 
Lara Padilha, por sua vez, fala que é importante preservar áreas em estágio de degradação, as quais se tornarão passíveis de desmatamento caso se aprove a flexibilização.
 
“Os fragmentos também são importantes, inclusive para a saúde da população urbana. Os bosques na cidade ajudam no escoamento de água e evitam, por exemplo, alagamentos”, diz a ambientalista.
 
O Núcleo de Proteção Ambiental Cerrado Viva também se articula por meio de um abaixo-assinado que conta com 75 mil assinaturas. A petição foi criada em 2018 resposta a uma primeira tentativa de flexibilização da lei por parte do legislativo de Bauru, segue hoje com mais de 75 mil assinaturas.
Acredita no nosso trabalho?         
Precisamos do seu apoio para seguir firme.    
Contribua  a partir de 10 reais por mês.