Agosto Indígena em Avaí: aldeia Tereguá celebra 19 anos 

Festividade contou com competições esportivas, danças tradicionais das etnias Tereguá e Guarani, e a inauguração do museu Casa da Memória

Publicado em 14 de agosto de 2021

Evento de aniversário foi restrito a moradores da aldeia (Fotos por Victória Ribeiro e Joyce Rodrigues)
Por Joyce Rodrigues e Victória Ribeiro 

“Viva Tereguá!” e “Fora, Bolsonaro” gritavam as crianças da aldeia Tereguá na Reserva Indígena de Araribá, em Avaí, a cerca de 35 km de Bauru, nesta sexta-feira (13). As manifestações aconteceram durante o evento Agosto Indígena que comemorou os 19 anos da aldeia, cujo aniversário foi em 2 de agosto. 

Competições esportivas, danças tradicionais das etnias Terena e Guarani, banho na nascente do rio Araribá e a inauguração da Casa da Memória, um museu pela preservação da tradição dos povos da aldeia compuseram a programação das festividades.

Pela primeira vez, a comemoração de aniversário da aldeia foi realizada somente para moradores, por conta das restrições impostas pela covid-19. Nas edições anteriores, antes de 2020, o evento era aberto para o público. Para Lilian Eloy, moradora, esse novo formato fez com que a comunidade aproveitasse mais o momento de celebração entre si e tivesse uma aproximação maior da aldeia.

A comemoração desta sexta também abraçou o Agosto Indígena, data celebrada em 9 de agosto e que se tornou parte do calendário oficial do estado de São Paulo, a partir de um projeto de lei de autoria de Chirley Pankará, co-deputada da Bancada Ativista (PSOL) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Tiago Nhandewa, pedagogo e um dos idealizadores da Casa da Memória, conta que o objetivo do museu é fortalecer e manter a cultura dos povos Guarani e Tereguá. “Queremos torná-lo um espaço pedagógico de ensino para a comunidade e a população”, relata. A curadoria do acervo foi realizada pelo pedagogo e por Elizeu Caitano, vice-cacique da aldeia Tereguá, e possui cerca de 45 peças que foram doadas por membros da comunidade.

Vestimentas, artesanatos e artefatos como arco e flecha e cestas de vime são alguns dos itens que compõem o museu. “Temos muito o que aprender e estaremos produzindo mais peças para colocar dentro da Casa”, afirma Elizeu. O espaço está funcionando em horários específicos com agendamento prévio, e será aberto para visitação após fim da pandemia. 

Ainda no âmbito das discussões dos moradores de Tereguá, o mês de agosto está sendo marcado pela organização da aldeia para compor o Acampamento Terra Livre, uma mobilização que pretende reunir centenas de indígenas em Brasília no fim deste mês e tem como principal objetivo barrar a aprovação do Projeto de Lei 490 no Congresso Nacional, já que a proposta é tida como uma ameaça para a demarcação de terras indígenas e dá margem para o avanço do desmatamento nesses territórios.

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