Cultura Lado B: sobrevivendo à pandemia em Bauru
Independentes criam estratégias diante dos desafios para manter o funcionamento; espaços públicos também sofrem impacto com restrições da covid-19
Publicado em 20 de agosto de 2021
Por Joyce Rodrigues
Edição Bibiana Garrido e Camila Araujo
A jornada de Ivo Fernandes começa por volta das 6h da manhã. Morador do bairro Nova Esperança, ele trabalha como motorista de aplicativo cerca de 12 horas por dia. Nas pausas entre as corridas, que geralmente são das 14h às 16h, Ivo, que é músico de profissão, se dedica àquilo que diz verdadeiramente amar: “Quando você tem muito claro o que você deseja entregar pra sociedade, é muito incômodo trabalhar com outra coisa que não seja aquilo que você se preparou para fazer”, declara. No tempo livre, desenvolve projetos artísticos e atua no Coletivo Samba, grupo musical do qual faz parte como produtor cultural.
Yuri Cornacchione também é músico e produtor cultural, e possui uma rotina similar à de Ivo. Morador do bairro Vila Dutra, começa sua jornada por volta das 6h30, quando se desloca de sua casa até a quadra 10 da rua Cussy Júnior, no centro de Bauru, onde trabalha como freelancer em um restaurante. À noite, ele vende lanches caseiros para complementar a renda. Ele conta que a ideia inicial era compor o cardápio da Casa Orates, espaço cultural independente que administrou até julho de 2020. Com o início da pandemia, o local teve que fechar as portas.
Ter de se virar com um emprego diferente da área de formação e profissão: essa realidade não é só a de Ivo ou Yuri, tampouco se limita à categoria artística de Bauru. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Promotores de Eventos (ABRAPE) em junho de 2020 previa que a suspensão de eventos, por conta da pandemia, poderia deixar ao menos 3 milhões de profissionais desempregados.
Um mês depois da chegada do novo coronavírus no Brasil, isso é, em abril de 2020, mais de 240 mil profissionais já haviam perdido o emprego devido ao cancelamento e adiamento de eventos.
Não resistiu
Igor Fernandes e Tetê Oliveira, integrantes do coletivo Formando Mentes Coletivas (FMC), querem reestruturar o espaço que geriram por três anos em Bauru, a Fumacê. Local de encontros, eventos, shows e formação cultural, foi inaugurado em setembro de 2018, com sede em uma casa de três cômodos na quadra 10 da rua Virgílio Malta. Com a adesão do público, tiveram que mudar para um local maior um mês depois.
A segunda sede da Fumacê se instalou na quadra 15 da rua Engenheiro Saint Martin, e ali permaneceu por mais um ano, quando o coletivo passou a alocar também um galpão na quadra 15 da avenida Rodrigues Alves. O novo espaço tinha capacidade para 300 pessoas e contava com três ambientes diferentes.
Com a pandemia, o coletivo precisou paralisar as atividades em março de 2020. Três meses depois, em junho, as chaves foram devolvidas para o locatário. “A gente foi despejado na pandemia, e nem sei como estamos sobrevivendo”, diz Igor, que hoje trabalha como motoboy.
O coletivo se tornou um “espaço de resistência” na cidade, contam os gestores. Artistas, projetos culturais, rodas de conversas e centenas de pessoas eram abrigados no espaço da Fumacê. Em 2019, o local foi palco do 1º Prêmio de Cultura Popular de Bauru, evento realizado em parceria com o Jornal Dois e com o coletivo de comunicação RPretas.
Devido à quantidade de gente entre 100 e 300 pessoas todos os dias, segundo o coletivo, “dormir era um privilégio”, diz Tetê Oliveira. Ela lembra: “teve mês que promovemos um total de 26 eventos”.
A Casa Orates passou por situação parecida. O salão de três ambientes na avenida Duque de Caxias havia abrigado pelos quatro anos anteriores o Exílio Art Pub, casa de shows e eventos culturais que encerrou suas atividades em 2018. Para assumir o ponto, Yuri Cornachionne teve que arcar com uma dívida de vazamento de água.
“Eu assumi a dívida, passei pro meu nome e com pouco capital que eu tinha, consegui abrir o espaço”, afirma. Ele conta que os planos para 2020 pareciam promissores – e vender lanches no local seria uma saída para não depender exclusivamente da renda de eventos.
Depois da pandemia, o planejamento mudou: “Sem perspectiva nenhuma de volta, a gente preferiu optar pela saída, o que também não foi nada fácil, desde a decisão final até a parte burocrática com a imobiliária”, declara Yuri.
Parte dos equipamentos usados na Orates foram deixados no local para quitar dívidas que sobraram. Um freezer serviu como troca do pagamento do aluguel da mesa de bilhar, por exemplo. “Para sairmos, não teve multa porque o contrato não tinha tempo determinado, porém foi um valor mais alto que o aluguel de costume. A gente brigou bastante com eles pra conseguir não fazer a vistoria”.
Espaços públicos
Ednaldo* é um jovem violinista e aluno da Orquestra Sinfônica de Bauru desde 2018. Antes da pandemia começar, ele passava três horas diárias, de segunda a sexta, na sede do projeto – até então, localizada no prédio da antiga Estação Ferroviária no centro da cidade.
Em dezembro de 2020, a Prefeitura de Bauru sob a gestão de Clodoaldo Gazzetta (PSDB) inaugurou a nova sede da Banda e Orquestra Sinfônica. As aulas passariam a ser realizadas no antigo prédio dos Correios, localizado na quadra 15 da rua Engenheiro Saint Martin, no centro da cidade.
A mudança de local aconteceu depois da aprovação do Projeto de Lei Nº 45/20 que previa a autorização por parte da prefeitura para utilizar os recursos do Fundo Especial de Promoção das Atividades Culturais (FEPAC) na locação do imóvel. O PL foi motivado pela recomendação da Defesa Civil de desocupar o prédio da Estação Ferroviária, devido ao comprometimento da estrutura do local.
A novidade para os membros da Banda e Orquestra Sinfônica não durou muito: em março de 2021, em audiência pública realizada virtualmente, a secretária da Cultura Tatiana Sá anunciou que a pasta não tinha planos de manter o aluguel da nova sede e que o valor do aluguel (R$ 14 mil por mês) seria destinado a editais de fomento do setor cultural.
A decisão foi alvo de críticas de artistas presentes na ocasião. Paulo Maia, pianista e membro da comissão de Pais e Alunos da Banda e Orquestra Sinfônica (PABOS), disse “não ver sentido” na decisão.
“Cortam R$ 1,4 milhões da classe artística para dizer que o aluguel da sede da Banda e Orquestra faz falta? Isso soou muito contraditório”, declarou o músico na época, em referência ao corte de verbas anunciado pela prefeita Suéllen Rosim (Patriota) em março do mesmo ano. Até o momento, a Secretaria de Cultura não apresentou novas propostas para sediar o projeto.
Tá resistindo
Renato Magú se define como um “veterano” quando o assunto são os espaços culturais na cidade. Sua trajetória começa em 2003, com a fundação do Núcleo Cultural Quilombo Interior. Três anos mais tarde, nasceu o Instituto Acesso Popular, que teve sua primeira sede na quadra 8 da rua Primeiro de Agosto, em frente ao prédio onde hoje se localiza o Bom Prato.
Tendo abrigado atividades de formação, biblioteca comunitária e assessoria jurídica para movimentos sociais, o espaço passou a ser reconhecido como Ponto de Cultura pelo Governo do Estado de São Paulo em 2011. A Casa do Hip Hop e o Cursinho Popular são alguns de seus projetos, e funcionavam até março de 2020 na Estação Ferroviária de Bauru – que foi fechada na pandemia e , em julho de 2021, lacrada por determinação do Ministério Público, por apresentar problemas na estrutura do edifício.
De 2011 para cá o Instituto teve outros endereços na cidade: rua Maria José, localizada na região sul da cidade, e quadra 13 da rua Cussy Júnior, local compartilhado com outro espaço cultural que existiu na cidade entre 2012 e 2014: a Casa Fora do Eixo.
Além de coordenador do Instituto Acesso Popular, Renato, que é popularmente conhecido por Magu, é um dos cofundadores da Semana do Hip Hop Bauru, o maior evento do gênero da América Latina.
Hoje a sede do Acesso Popular está na quadra 4 da rua São Gonçalo, próximo ao cruzamento das avenidas Nações Unidas e Duque de Caxias. O espaço funciona como um mini centro cultural: realiza exposições, shows, oficinas, rodas de conversa, e possui uma biblioteca comunitária. As atividades foram retomadas em 1º de maio de 2021, tendo sido interrompidas após a covid-19.
Para manter sua renda no período em que as atividades estavam paradas, Magu diz que buscou alternativas que não o colocassem em risco de contrair o vírus, promovendo rifas de quadros de artes e camisetas para vender. “Foi um momento bem complicado porque além de não poder abrir o espaço, eu não podia trabalhar pra fora. Se tava tudo fechado, não faria nem sentido sair pra trabalhar e me expor”.
Alugar os quartos disponíveis no espaço cultural também foi uma alternativa para evitar o fechamento. Quando as atividades presenciais voltaram a ser realizadas, os locatários se mudaram e o Acesso Popular voltou a existir pelo propósito que nasceu, de ser, segundo Magu, “autossustentável”, com eventos, bar, exposições e contribuições voluntárias. “Sou muito grato a quem abraçou mesmo a ideia do espaço. Isso fez com que a gente continuasse”, relata.
Espaços flutuantes
Na falta de um lugar físico, o Coletivo Samba fez da cidade seu local de trabalho. Criado em março de 2014, seu objetivo é propagar a cultura do samba de raiz, reunindo músicos e apreciadores do gênero. O projeto funciona de maneira itinerante desde a sua criação. Ivo Fernandes, coordenador do projeto, conta que o coletivo surgiu a partir dos desdobramentos de seu primeiro grupo de samba raiz, o Quintal do Brás, fundado em 2005. Depois de quatro anos e diversas apresentações pela cidade, o grupo se apresentou pela primeira vez no aniversário de Bauru, realizado todo 1º de agosto no parque Vitória Régia. Dali nasceu o Encontro dos Sambistas, que hoje compõe o calendário oficial do evento. “Começamos a nos reunir porque a gente não se sentia representado pelas atrações que vinham para a comemoração da cidade”, explica.
A falta de amparo, relatada por Ivo, foi o que o levou a se inscrever na Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Lei nº 14.017/2020), criada em outubro de 2020 para auxiliar profissionais da cultura e espaços culturais que tiveram suas atividades paralisadas com as restrições impostas pela pandemia.
Célio Turino, historiador, ex-secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura e um dos consultores da Lei Aldir Blanc, diz que a criação da lei seguiu três princípios básicos: descentralização, desburocratização e universalidade. Este último foi um dos conceitos que permitiram que espaços sem local físico pudessem ser contemplados. “O espaço não é um edifício. É um ambiente do fazer cultural, que pode ser a sombra de uma árvore”, explica Turino. O conceito foi desenvolvido durante seu trabalho como idealizador do projeto Cultura Viva – programa do governo federal instaurado em 2004 que viabilizou a criação de mais de 2500 pontos de cultura no país.
Tiago Rosa, produtor cultural e membro suplente da bancada de avaliação da Lei Aldir Blanc em Bauru, analisa que a geração de renda com eventos que aconteciam nos espaços públicos, comércio de zines, CDs, camisetas e materiais dos projetos contribuiu para a seleção dos chamados “espaços flutuantes”. Ele afirma: “Coletivos que ocupam com frequência determinadas praças e que tem público frequente também foram afetados e também precisam ser auxiliados”.
O coletivo de música eletrônica TRES-4, que não possui espaço físico, foi um dos espaços contemplados pela lei. Andreza Garcia, produtora e DJ do coletivo, relata que a instabilidade financeira para manter uma sede foi um dos principais fatores para transformar a cidade no território do projeto musical. “Manter-se itinerante foi um plano desde a idealização da TRES-4. Apesar de não termos um espaço físico, temos um calendário sólido desde 2015, como se fosse um espaço cultural”. Mesmo utilizando o espaço público como território de trabalho, uma das principais “residências” fixas do coletivo foi a Casa Orates, fechada no ano passado. “Toda a cena cultural que acontece dentro da cidade é sediada por muitos desses espaços, que ajudam a criar essas aberturas para outros tipos de eventos, novos artistas e produtores culturais”, ressalta.
Abriu
No final da Avenida José Vicente Aiello, quadra 28, já fora do perímetro urbano, inaugurou-se o Espaço Gentileza. A chácara de um alqueire que sedia o Gentileza foi fundada por Daniel Marques, músico que diz ter reunido forças para iniciar as atividades mesmo durante a pandemia. O local abriga uma biblioteca comunitária, espaço para shows, transmissões de vídeos ao vivo, e três lagoas que compõem o ambiente. O nome faz alusão à frase “gentileza gera gentileza”, de José Datrino, popularmente conhecido como “Profeta Gentileza”.
“Vamos fazer um lugar justo onde todo mundo que se apresentar sai no mínimo com 200 reais, um cachê justo. Se não tiver condição de pagar isso, a gente não faz o evento”, relata Nel, como é conhecido o fundador, afirmando que em seu trabalho como músico já chegou a tocar a noite inteira para ganhar R$ 40 reais. “Não cobre nem a gasolina gasta para se locomover ao local”, reclama.
A inauguração do Espaço Gentileza, realizada em 19 de maio deste ano, motivou denúncias anônimas por aglomeração. Nel Marques relata que três viaturas da Polícia Militar e dois carros de fiscalização da Secretaria de Saúde apareceram no local para averiguar a situação. Segundo ele, “tinha mais gente fiscalizando do que gente no evento”, que tinha aproximadamente 10 pessoas, conforme relata. O músico diz que apesar de saber das condições atuais da pandemia, os eventos são necessários para que ele possa se manter nesse período. “Como vou pagar meu aluguel, minha internet, minha luz? Por enquanto tô subsistindo com muita dificuldade pelo simples fato do respeito que tenho com a situação”, afirma. “É muito fácil ter fé quando se está com a geladeira cheia”.
Além dos eventos esporádicos, o espaço também tem se mantido através de doações, lives solidárias e delivery de alimentos que o próprio músico prepara. “É muito fácil ter fé quando tá com a geladeira cheia. Eu tô sem saber o que vou fazer, mas eu sei o que eu tenho que fazer: seguir fazendo arte”. O Espaço Gentileza também foi contemplado pela Lei Aldir Blanc, com o valor de R$ 18 mil reais.
Nel enxerga que o fato do espaço estar localizado em uma área composta majoritariamente por natureza nativa como um atrativo maior para o público. Cães, galinhas, peixes e plantas de diferentes espécies convivem espalhadas pelo Espaço Gentileza. O local também é a moradia de Nel. O músico aposta que, no fim da pandemia, o espaço será ainda mais requisitado pelo público que se manteve em isolamento por mais de um ano. Questionado se a localização do lugar poderia ser um impeditivo para realizar as atividades, responde: “se me dessem espaço no centro da cidade, eu não trocaria. O que torna esse lugar único é a natureza do lugar. Cê não viu a lua que eu vi ontem aqui!”.
Poder público e apoio
Em julho de 2020, a Secretaria Municipal de Cultura disponibilizou um cadastramento para artistas e espaços culturais sediados em Bauru para destinar os pagamentos do auxílio emergencial da Lei Aldir Blanc, com parcelas de R$ 600 para pessoas físicas e valores de R$ 3 mil a R$ 10 mil para espaços culturais. Segundo a pasta, 110 espaços culturais foram registrados até o momento. A secretaria também tem como objetivo mapear o funcionamento da cultura na cidade, com foco em apresentar as informações na Conferência Municipal de Cultura, prevista para ocorrer em março de 2022.
O fomento da Lei Aldir Blanc foi um dos principais mecanismos para que espaços culturais pudessem manter-se financeiramente no período de isolamento. O valor total da lei no município foi de R$ 2.353.302,90, contemplando 448 ações entre premiação de artistas, fomento para projetos de difusão cultural online e manutenção de espaços culturais.
Com o recurso disponível, Ivo Fernandes investiu na compra de equipamentos para o Coletivo Samba. Uma mesa de som digital, um power play (retorno de ouvido), um microfone sem fio e um tantan, instrumento de percussão das rodas de samba, agora fazem parte do acervo oficial do coletivo. “Como não temos aluguel, me inscrevi pra comprar equipamentos e assim ter uma estrutura mínima quando formos tocar nos lugares”, comenta. Para ele, com essa conquista não será mais necessário “brigar” com a prefeitura para ter uma estrutura em suas apresentações.
No coletivo TRES-4, o recurso também foi investido na compra de equipamentos de áudio, vídeo, iluminação e cabeamento e pagamento das plataformas digitais que hospedam o acervo do grupo.
Em um primeiro momento, Magu optou por não solicitar o benefício. O coordenador do Acesso Popular avalia que o espaço é voltado para uso comercial e geração de renda para quem trabalha nele, então comentou não ter achado “justo usufruir do dinheiro público” para a manutenção. Perguntado se essa posição se mantém mesmo após o período de dificuldades financeiras, Magu afirma que hoje pensa diferente. “Enquanto entidade, o Acesso Popular vai fazer seus projetos para serem desenvolvidos fora daqui, mas enquanto espaço a gente não pensou no que fazer ainda”. Ele conta que em 2021 inscreveu diferentes projetos em fomentos públicos, como o Programa de Ação Cultural (PROAC).
Em audiência pública realizada em março de 2021, a secretária da Cultura Tatiana Sá anunciou o lançamento de seis editais para artistas da cidade, com a previsão de lançamento do primeiro edital para julho de 2021.
A estimativa era contemplar cerca de 20 a 25 projetos em cada edição. No final de julho, a prefeita Suéllen Rosim anunciou a criação de um edital unificado, intitulado “Culturas Remotas”, no valor de R$ 200 mil. O edital foi publicado no dia 14 de agosto e está com inscrições abertas.
Igor Fernandes diz que enxerga a importância do fomento municipal à cultura, mas que “não dá pra esperar” o apoio para realizar as atividades. “A Fumacê nasceu desse vácuo financeiro. A gente vai ficar dependendo deles? É óbvio que um auxílio seria essencial, mas não conto com isso”, argumenta.
Setor cultural
“Os espaços independentes servem como espaços de inovação e incluem camadas da população que não estão inclusas na economia formal, e tem oportunidade de se inserir nessa mudança”, avalia Solon Neto, jornalista e autor da pesquisa “O Território Criativo Subalterno da Música e a Sociedade Midiatizada”..
Em trabalho publicado em 2017, o jornalista estuda as particularidades dos núcleos criativos em Bauru, com foco no cenário musical produzido na cidade. A pesquisa surgiu a partir da orientação de Juarez Xavier, professor do Departamento de Comunicação Social da Unesp Bauru e coordenador do NeoCriativa – núcleo de pesquisa de Economia Criativa de Bauru. No texto Ler, Interpretar e Agir: Um Círculo de Cultura Fora do Eixo, publicado em 2013, Xavier já apontava o potencial da cidade enquanto núcleo cultural:
“Bauru é palco de grandes eventos culturais, locais, regionais e internacionais: virada e revirada cultural, evento internacional de teatro de boneco, festival de música independente, semana de projeção audiovisual. A existência desses núcleos de cultura é condição sine qua non para a consolidação das bases de uma cidade criativa, capaz de ser fonte do desenvolvimento econômico e social sustentável para a criação de bens, processos e serviços culturais, de caráter intangível”.
Solon ressalta que o fechamento dos espaços culturais causa impacto não somente no setor econômico da cidade, mas também em seu desenvolvimento cultural. “Os espaços ajudam as comunidades a crescer junto, é uma atividade política além de cultural. É uma perda no desenvolvimento da memória e da cultura local”, detalha o jornalista.
Os produtores culturais mantêm-se nas expectativas pós-pandemia. Yuri Cornacchione relata que pretende explorar a cidade como seu espaço cultural. “A ideia é fazer eventos como os que aconteciam na Orates, mas em praças como o Vitória Régia. Quero fazer eventos culturais de graça. Alugar um lugar é muito caro”.
Igor Fernandes e Tetê Oliveira relatam ter planos de lançar uma emissora de TV online, e acreditam na comunicação como elemento fundamental para difundir suas ideias. “Nosso projeto é fazer a revolução, transformar os espaços que a gente estiver no avanço máximo para aquele momento. É uma tarefa militante”, diz Igor, detalhando que o plano é se unir com outros coletivos e projetos que acontecem na cidade para utilizar a emissora como plataforma de divulgação e disseminação de trabalhos. “A ideia é que cada um desses projetos se fortaleça em rede e na construção material disso também”, declara.
Já Ivo Fernandes conta que o coletivo do qual faz parte pretende ainda lançar livros, documentários e projetos sociais voltados para formação de novos instrumentistas. O objetivo, segundo ele, é simples: propagar o samba onde, quando e como der. “O ideal é que as pessoas possam decidir o que elas querem consumir, o que elas vão trazer de melhor para as vivências delas. Se for o samba, tamo junto.”
Serviços
Fumacê Bauru: está com a tabacaria em funcionamento e vende lanches por delivery na Laricas FMC. O delivery funciona de domingo a quinta das 19h às 00h, e às sextas e sábados, das 19h às 21h. Para conhecer outros empreendimentos do coletivo, acesse: Cultive FMC e Ayolwa Joias.
Orates: a Orates Gastro Delivery atualmente funciona com delivery de quarta a segunda das 18h30 às 00h30. Os pedidos podem ser feitos pelo telefone: (14) 98807-7608.
Acesso Popular: o local recebe exposições de artistas de diferentes segmentos a cada 15 dias, e atualmente funciona de quarta a domingo, das 18h às 23h, com capacidade reduzida de visitação e seguindo os protocolos sanitários.
Espaço Gentileza: o espaço recebe lives de artistas convidados, além de realizar atividades gastronômicas. Para acompanhar a programação, acesse a página.
Coletivo Samba: todo sábado, das 11h às 13h, Ivo Fernandes apresenta o programa de rádio Coletivo Samba. Para ouvir, acesse: https://radiosambabauru.com/
TRES-4: para acompanhar a programação de lives e eventos, siga o coletivo nas redes.