Quase 60 mil bauruenses estavam aptos a receber Auxílio Emergencial em abril
Mais da metade dos elegíveis para receber o benefício se cadastrou pelo site da Caixa ou pelo aplicativo do programa
Publicado em 28 de maio de 2020
Por Lucas Mendes
59.199 bauruenses tiveram seus cadastros aprovados para receber a primeira parcela do Auxílio Emergencial de 600 reais. O número representa 16% da população de Bauru, que é de cerca de 370 mil habitantes.
O total de pessoas em condições de receber esse dinheiro pode ser ainda maior, uma vez que a quantidade divulgada refere-se aos cadastros feitos até o dia 22 de abril.
Criado em março e lançado em abril, o Auxílio Emergencial tem o objetivo de proteger desempregados, trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEIs) e pessoas em situação de vulnerabilidade social durante a quarentena em combate ao coronavírus
No estado de São Paulo foram mais de 7,7 milhões de pessoas aptas a receber o benefício até o fim de abril. No total, o pagamento está sendo feito a mais de 53 milhões brasileiros – pelo menos um em cada quatro pessoas no país precisa do auxílio para sobreviver.
Os dados são do Ministério da Cidadania obtidos pela agência de dados independente Fiquem Sabendo por meio da Lei de Acesso à Informação. A Controladoria Geral da União (CGU) prometeu divulgar até a primeira metade de junho a lista completa dos beneficiários.
Em Bauru a maior parte dos beneficiários se cadastrou pelo site da Caixa ou pelo aplicativo do Auxílio Emergencial – um total de 31.636 pessoas.
15.130 pessoas faziam parte do Cadastro Único do Governo Federal e já estavam aptas a receber o dinheiro e outras 12.433 estavam cadastradas no Bolsa Família.
O Auxílio Emergencial soma até o momento cerca de 123 bilhões de reais em recursos, com a previsão inicial de fazer o pagamento de três parcelas de 600 reais.
Metade da população
O número de pessoas que vão depender do Auxílio Emergencial pode chegar a 80 milhões, de acordo com um estudo divulgado no início de maio pela Instituição Fiscal Independente, órgão de pesquisa do Senado Federal.
Dependendo do nível de crise econômica e desemprego, o benefício poderá ser pago à metade da população brasileira – 112 milhões de pessoas. Esse cenário equivaleria a um total de 217,9 bilhões de reais investidos no programa.
O governo Jair Bolsonaro subestimou a situação da pobreza e de vulnerabilidade social no Brasil. Em março, quando a medida foi anunciada, a previsão era de que entre 15 e 20 milhões de pessoas pudessem receber o auxílio.
Bolsonaro impediu ampliação
O presidente Bolsonaro sancionou com vetos, no dia 15 de maio, um projeto de ampliação do Auxílio Emergencial aprovado pelo Congresso.
Ficou autorizado o pagamento dos 600 reais para mães menores de 18 anos. Ficaram de fora da ampliação mais de 70 categorias de profissionais informais que não estão inscritos no Cadastro Único, como agricultores familiares, catadores de recicláveis, taxistas, professores contratados que estão sem salário, personal trainers, fisioterapeutas, nutricionistas, feirantes e diaristas.
Bolsonaro também vetou a possibilidade de homens solteiros chefes de família receberem em dobro o benefício emergencial. Pelas regras vigentes, apenas mães chefes de família podem ter direito a duas cotas do auxílio emergencial (1,2 mil reais).
Quem recebe
Trabalhadores informais (sem carteira assinada), desempregados, MEIs, beneficiários do Bolsa Família e inscritos no Cadastro Único podem receber o Auxílio Emergencial por três meses. O governo anunciou que pode acrescentar mais uma parcela de 600 reais, dividida em três pagamentos mensais de 200 reais.
Quem já faz parte do Bolsa Família recebe o dinheiro direto na sua conta de acordo com o calendário de pagamentos do programa.
Para as pessoas que não possuem conta em banco, a Caixa cria automaticamente uma conta digital onde é creditado o dinheiro. A possibilidade de transferir a quantia só é permitida após um prazo que pode chegar a 18 dias. Os saques respeitam um calendário de acordo com o mês de nascimento da pessoa, para evitar aglomerações nas agências da Caixa.
No Brasil o número de pessoas que não possuem conta em banco é de 48,4 milhões, segundo dados do Banco Mundial citados pela revista Forbes.
A CGU já identificou pagamentos irregulares do Auxílio Emergencial que deverão ser cortados. Cerca de 74 mil sócios em empresas receberam o benefício, além de 86 mil pessoas que doaram mais de 10 mil reais nas últimas eleições, proprietários de veículos de mais de 60 mil reais e pessoas que possuem domicílio fiscal em outros países.