O jeito é comunicar: como pequenos negócios da Economia Criativa
sobrevivem em tempos de coronavírus
A parceria entre meios de comunicação independentes e pequenos negócios da Economia Criativa se torna estratégica no enfrentamento ao novo coronavírus
Publicado em 30 de abril de 2020
Por Isis Rangel, da agência Cative!
Com a pandemia de Covid-19, a cobertura jornalística entrou ainda mais no centro das atenções. Desde o dia 17 de março, a maior rede de televisão do país, a Globo, passou a ter 15 horas de telejornalismo diário em sua programação.
Outros veículos de comunicação também aumentaram sua produção de conteúdo para não deixar passar nenhum detalhe da pandemia no Brasil e então nos deparamos com a importância dos veículos independentes do interior do país para trazer informações confiáveis e com visões diferentes das dos veículos hegemônicos em regiões normalmente desassistidas pelos grandes conglomerados de mídia.
Essa pulverização de meios de comunicação independente por todas as regiões do país — ainda que longe do desejado — se mostra ainda mais importante em momentos de crise. Enquanto veículos hegemônicos seguem praticamente o mesmo tom, afinal muitos são alimentados pelas mesmas agências de notícias, veículos independentes que trazem outras visões sobre a sociedade são essenciais para nos manterem bem informados em uma época de avalanche de informações.
Em Bauru, com a imprensa hegemônica assumindo neutralidade ou até mesmo simpatia aos protestos pelo relaxamento das medidas de distanciamento social recomendadas pelas autoridades de saúde, a visibilidade dos outros lados da moeda fica mais uma vez a cargo de meios de comunicação independentes.
Como as redes sociais transformam todos em potenciais disseminadores de informações, o papel do jornalismo deixou de ser apenas o de informar, mas sim prestar uma curadoria profissional das informações. Se antes dependíamos apenas dos jornais para saber o que acontecia em nossa cidade, hoje precisamos do método jornalístico para uma checagem profissional dos fatos que chegam a todo momento em nossos celulares.
A pandemia trouxe também uma propagação maior de fake news e grande parte do trabalho da imprensa tem sido desmentir informações falsas e reforçar o que as autoridades de saúde pelo mundo todo recomendam para frear o avanço do novo coronavírus.
Por isso é tão importante consumir notícias de veículos confiáveis e comprometidos com o bem-estar da população e não só com o lucro de seus acionistas. E é aí que a mídia independente abre vantagem sobre veículos hegemônicos que precisam seguir os interesses de seus donos — que nem sempre são os mesmos da população em geral.
E o que a Economia Criativa tem a ver com tudo isso?
Para começar, grande parte dos veículos de comunicação independentes se somam aos 850 mil negócios da Economia Criativa no Brasil. Em Bauru, a parceria entre pequenos negócios da área e a mídia independente vem de longa data e durante a pandemia esse laço tem se fortalecido.
Com a necessidade de fechar suas portas e da proibição de aglomerações, pequenos negócios, artistas e “eumpreendedores”* precisaram achar alternativas para continuar vendendo seus produtos. A mídia independente entra para apoiar a divulgação desses projetos nas redes e para mostrar a dura realidade enfrentada por esse segmento durante a pandemia.
Enquanto os veículos independentes correm atrás da informação para produzir reportagens, notícias e artigos de qualidade para manter a população bem informada de todos os desdobramentos da pandemia, os pequenos negócios da Economia Criativa usam e abusam da internet para se manterem conectados com seus públicos, para divulgarem seus trabalhos e para garantir suas vendas.
Durante esse período de isolamento social, no qual somos obrigados a parar de conviver uns com os outros diretamente, o jornalismo profissional é além de um serviço público, uma tarefa essencial. Mas comunicação não é apenas jornalismo e os meios que temos encontrado para nos conectar durante a quarentena nos mostram caminhos neste novo mundo que está nascendo, um mundo em que a Economia Criativa vai continuar com sua principal característica: criar soluções disruptivas para os desafios do momento.
* Eumpreendorismo: conceito da Rede Ubuntu que define “um modelo mental, uma forma de pensar e agir, que busca a ampliação da consciência dos indivíduos para que estes possam realizar seus projetos profissionais ou pessoais, construindo um futuro a partir de suas essências”.