70% dos suspeitos para covid-19 em Bauru tem menos de 60 anos

Município contabiliza quatro mortes suspeitas pela doença

Publicado em 27 de março de 2020

Idosos fazem parte do grupo de risco para a doença; pessoas mais jovens são maioria de casos suspeitos em Bauru(Arte: Bibiana Garrido/JornalDois)
Por Maria Esther Castedo

Segundo os dados divulgados até a última terça-feira (24), 70% das pessoas suspeitas de terem o novo coronavírus em Bauru estão na faixa dos 20 a 59 anos de idade. Os números foram apresentados pela Prefeitura de Bauru, que segue o protocolo determinado pelo Ministério da Saúde de realizar testes somente nos casos considerados graves. 

A maioria dos suspeitos têm entre 40 e 49 anos (21,13%). E o segundo grupo com maior quantidade de pessoas aguardando resultados são os jovens entre 20 e 29 (19,72%). Os pacientes entre 50 e 59 anos correspondem a 11,3% dos casos suspeitos.

Veja os números abaixo:

(Dados e arte: Prefeitura Municipal de Bauru/Reprodução)

A porcentagem continua semelhante ao novo informe disponibilizado pela Secretaria Municipal de Saúde na noite quarta-feira (26). Abaixo você pode checar os números baseados em idade e sexo.

(Dados e arte: Prefeitura Municipal de Bauru/Reprodução)

Ontem (26)  também foi a primeira vez que o município recebeu do Instituto Adolfo Lutz dois resultados sobre a covid-19, ambos negativos. Há 15 dias, Bauru não tinha nenhuma notificação do laboratório situado na capital paulista, que é o responsável por realizar os testes. Essa situação é o impede que as prefeituras e o governo estadual tenham um panorama atualizado sobre a disseminação do coronavírus.

Solução para a demora: USP Bauru espera notificação para realizar os testes

No Brasil, os testes realizados para identificar o coronavírus são chamados de RT-PCR, procedimento complexo e feito em laboratório. O que as unidades de saúde fazem é colher uma amostra respiratória e enviar para os Laboratórios Centrais (LACENs), definidos pelo Ministério da Saúde. Ou para os centros de referência do estado, como é o caso do Instituto Adolfo Lutz. 

A demora não ocorre somente centro que recebe a amostra. Começa no hospital que faz a coleta, que já está sobrecarregado de pacientes, e continua até a fila de processamento de testes. Nesse último estágio, é necessário uma equipe qualificada para realizar a análise. Dessa maneira, especialistas apontam que o país não possui capacidade técnica para realizar com rapidez os testes: faltam centros especializados e mais rapidez no processamento de dados.

João Dória (PSDB), governador do Estado, anunciou na segunda-feira (23) a criação de uma rede de laboratórios para a testagem do coronavírus. O serviço será realizado pela Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto Butantã, ambas são credenciadas pelo Instituto Adolfo Lutz, que é vinculado à Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.

Um desses laboratórios que realizará os testes é o núcleo do campus de Bauru, com a Faculdade de Odontologia. O início do funcionamento está previsto para as próximas semanas, junto a outros quatro núcleos do estado. Até o momento, somente o núcleo da USP localizado no Hospital das Clínicas na capital está em ação.

Ao total, a previsão é que sejam realizados quatro mil testes diários no estado de São Paulo. Serão distribuídos testes rápidos para os municípios com mais de 75 mil habitantes, como anunciado por Clodoaldo Gazzetta (PSDB), prefeito de Bauru. O pronunciamento feito na última quarta (25) pode ser revisto aqui.

Atualização covid-19

Todos os dias a Secretaria Municipal de Saúde lança neste link o boletim epidemiológico do coronavírus em Bauru. O último foi disponibilizado na noite desta quinta (26) e aponta 86 casos suspeitos que aguardam confirmação, sem nenhum caso até agora confirmado na cidade. Desses, cinco estão internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 21 pacientes estão em enfermarias dos hospitais bauruenses.

Sobre as mortes suspeitas, já somam quatro os óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Todos apresentaram exame de tomografia compatível para vírus (Covid-19, H1N1 ou Influenza). O último caso ocorreu ontem (26), a vítima era José Mario Pinho de Assis de 77 anos que estava internado no Hospital Estadual desde o dia 20 de março. 

Na declaração de óbito, o Hospital Estadual apontou como possíveis causas o coronavírus, mas sem confirmação de exame em laboratório. Por isso, a Secretaria Municipal da Saúde classifica essa morte como caso suspeito. 

Até domingo (22), somente a capital paulista registrava mortes relacionadas ao coronavírus. Já no boletim anunciado ontem (26) pela Secretaria de Estado da Saúde, os municípios de Vargem Grande Paulista, Guarulhos, Taboão da Serra e Ribeirão Preto contabilizaram ao menos um óbito. Neste último caso, a morte pelo Covid-19 foi confirmada pelo laboratório do Hospital das Clínicas. Segundo Sandro Scarpelini, secretário da saúde da cidade, o paciente apresentava três doenças muito graves associadas. 

No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou até agora 77 mortes pela doença e 2.195 casos confirmados. Faz um mês desde a primeira morte em território brasileiro. 

Em caso de dúvidas sobre o coronavírus, você pode ligar para o número 192: selecione a opção dois e siga as orientações.

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