NÓS X ELES: por que Suéllen não desceu do palanque

Infantilização do debate político bauruense custará caro à população: “estamos sendo feitos de tontos”

Publicado em 6 de março de 2021

Na crise sanitária, município está em queda de braço com o Estado (Arte: Henrique Sakamoto Barduchi)
Por Rafael Schiavo, colunista do J2

Até o(a) mais devoto(a) seguidor(a) de Suéllen Rosim (Patriota), prefeita de Bauru, sabe que esta queda de braço que ela criou com o Governo do Estado de São Paulo é um ato midiático com fins eleitoreiros.

Para manter-se na moda e continuar surfando em popularidade junto a bolsonaristas, a prefeita usa, sem o menor pudor, a saúde da população bauruense. Seja apoiando atos, seja fazendo shows em igrejas, Rosim institucionalizou em seus eleitores o clima infantil do “nós x eles”.

Ontem tive que ir ao banco, então passei pelo “Calçadão”, na rua Batista de Carvalho, Rua Primeiro de Agosto e adjacentes. Notei o que já era esperado: o comércio todo aberto! Não colocam nem aquela correntinha (nas portas) para disfarçar o funcionamento. Pouquíssimas lojas estavam respeitando o regramento.

A prefeita tem total ciência que a cidade vai receber multas pesadíssimas, (talvez as maiores da nossa história) por conta disso, mas ela decidiu pagar a conta. Aliás, decidiu que o povo bauruense é quem irá pagar a conta.

Acontece que ela não consegue assumir uma dívida futura dessa sem o apoio de parte da população. Então, a solução é o “nós x eles”.

Apoiadores da Suellen são os “nós” da história.

Cegamente apoiam a abertura desmedida de todo setor econômico da cidade. Fecham os olhos para as milhares de vidas que acabam sendo ceifadas em consequência. É muito triste que vários dos nossos estão de acordo com a ideia dos patrões, a ideia da reabertura total da cidade. Triste porque, ao ponto que os patrões estarão em suas salas (em seus escritórios), os funcionários estarão na rua, no contato com as pessoas, e, portanto, se expondo muito mais. Entendo que todos precisamos trabalhar, mas também entendo que o que está em jogo são vidas.

Se a prefeita não tivesse o objetivo de criar em seus apoiadores o clima do “nós x eles”, ela teria colocado em prática políticas como: exame em massa (com certeza ficaria mais barato do que a multa que o governo do estado vai impor por descumprimento à quarentena), lockdown noturno, isolamento rigoroso e diário em algumas regiões da cidade, entre outras.

A prefeita está em campanha e ainda não desceu do palanque.

A consequência é que estamos sendo feitos de tontos, e ainda vamos pagar a conta.

As colunas são um espaço de opinião. Posições e argumentos expressos neste espaço não necessariamente refletem o ponto de vista do Jornal Dois.

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