Funcionários da Paschoalotto pedem dispensa do trabalho para conter a expansão do coronavírus

Manifestação reuniu funcionários em frente às unidades da empresa em Bauru. Trabalhadores questionam as medidas que a organização tem adotado, em meio à expansão do coronavírus.

Publicado em 20 de março de 2020

Ao todo, são cerca de 10 mil funcionários em toda a rede Paschoalotto (Foto: Lorenzo Santiago / JORNAL DOIS)
Por Lorenzo Santiago

Funcionários das 4 unidades da Paschoalotto em Bauru fizeram um protesto pela dispensa do trabalho em decorrência da expansão do coronavírus no começo da tarde desta sexta-feira (20). Os trabalhadores alegam que não há condições sanitárias mínimas para evitar a transmissão do vírus dentro da empresa. O prédio da organização que fica na região do Bauru Shopping contou com maior mobilização de pessoas.

Segundo os trabalhadores, a distância mínima de 2 metros entre as mesas (determinação do Ministério da Saúde) não está sendo respeitada. Além disso, há somente um compartimento de 500ml de álcool gel para cada 100 pessoas e dois banheiros para cada 500 trabalhadores. Em uma das unidades há o programa “Mesa Limpa”, que impede que os funcionários tenham sobre suas mesas álcool em gel e outros equipamentos de proteção individual, como máscaras. Nas redes sociais, a empresa divulgou que já dispensou os funcionários gestantes e com mais de 60 anos. A empresa tem como política a advertência em faltas injustificadas e considera que, neste momento, o coronavírus não representa risco real para os funcionários. 

A manifestação contou com centenas de funcionários e teve apoio do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Sindicato Servidores Públicos Municipais Bauru Região (Sinserm) e Sindicato dos Bancários e Financiários de Bauru e Região (SEEB). 

O ato ocorreu na troca de turno entre os funcionários da manhã e da tarde. Por volta das 16h, o prefeito Clodoaldo Gazzeta (PSDB) assinou um decreto que determina Situação de Emergência na cidade. Dentre as medidas assinadas está a redução de 50% das atividades nos call centers a partir de 23 de março e proibição total do funcionamento a partir de 25 de março.

Os vereadores Marcos de Souza (PP), Sandro Bussola (PDT) e Ricardo Cabelo (PPS) acompanharam a manifestação e informaram sobre o decreto do prefeito. Um dos diretores da Paschoalotto desceu para falar com os manifestantes e garantiu que a empresa vai seguir as determinações do Poder Público, mas não confirmou se essa pausa será remunerada ou não. 

Vereadores anunciaram o decreto do prefeito Gazzetta para os funcionários. (Foto: Lorenzo Santiago / JORNAL DOIS)

Aglomeração 

A principal preocupação dos funcionários é a quantidade de pessoas que circula nos prédios da empresa. Só no prédio da matriz são quase 6 mil trabalhadores. Grande parte dessas pessoas ficam próximas em diversos momentos do dia: “As escadas são muito estreitas, então imagina todo um turno saindo junto. O refeitório também tem mesas próximas e as próprias mesas de trabalho estão separadas por um braço de distância” disse uma funcionária que não quis se identificar.   

A recomendação da Organização Mundial de Saúde é que as pessoas evitem locais de grande concentração de pessoas e se mantenham, o máximo possível, em casa. O Governador de São Paulo, João Dória (PSDB), decretou estado de calamidade pública no estado de São Paulo. No fim da tarde desta sexta (20), a Secretaria de Saúde atualizou o número de casos confirmados de SP. São 345 pessoas contaminadas e 9 mortes. No Brasil, até às 17h30, eram 11 mortes em todo o Brasil.  

O estopim

A mobilização ocorreu após as determinações do Governo Federal. Na manhã de hoje (20) o Senado aprovou o estado de calamidade pública, medida que isenta o governo de cumprir metas fiscais. A Prefeitura de Bauru ainda não confirmou nenhum caso na cidade. 

Até a publicação desta reportagem, os representantes da Paschoalotto não responderam às tentativas de contato da equipe de reportagem.