Fruto Urbano plantou mais de mil árvores em 2017

Projeto atua pela arborização de áreas públicas de Bauru com espécies frutíferas

Reportagem publicada em 25 de dezembro de 2017

As atividades são abertas para quem quiser participar (Foto: Fruto Urbano/Acervo)
Por Bibiana Garrido

“Falar do Fruto Urbano é chover no molhado. O trabalho dessas pessoas é imprescindível para a nossa cidade”. Quem diz isso é Marcelo Ferasçoli, biólogo e voluntário do projeto na produção de mudas.

A história do Fruto Urbano tem início em janeiro de 2014 com a iniciativa dos irmãos Khalil e Miguel Axcar, bauruenses de descendência síria que começaram a plantar mudas de árvores pela cidade durante seus passeios de bicicleta. “Foi uma lógica ao contrário, porque começou na prática e depois foi para o papel”, diz Khalil.

Formou-se um grupo com o auxílio de pessoas conhecidas para planejar e compor as primeiras atividades. Dois anos depois, o coletivo virou ONG: uma organização não governamental que tem fundação no Dia da Árvore, 21 de setembro de 2016.

Plantio organizado neste ano no Jd. Pagani, em Bauru (Foto: Fruto Urbano/Acervo)

Com cerca de 50 voluntários e mais de 200 pessoas participantes em dias de plantio, o projeto, nas palavras do idealizador, pretende “melhorar a arborização urbana da cidade, pensando principalmente nas áreas públicas”.

O Fruto Urbano coordenou o plantio de mais de mil árvores na cidade de Bauru em 2017. Desde o início do trabalho, foram mais de 10 mil mudas plantadas. A ação passou a reverberar nos municípios vizinhos e conta com a colaboração de voluntários em Agudos, Bariri, Duartina e Piratininga.

Para manter uma “alta taxa de sucesso” dos plantios, como afirma Khalil, os voluntários mantém rotinas de cuidados com as mudas depois de plantadas. Irrigação, fertilização e manutenção das áreas fazem parte do trabalho.

Educação ambiental

Trazer uma oferta maior de sombra e alimentos nas áreas públicas e coletivas é um dos principais objetivos da organização. A plantação é sempre realizada durante o dia, de maneira aberta para todas as pessoas e de todas as idades.

“Além dos benefícios por cada uma das árvores plantadas, temos a vertente da educação ambiental que acompanha os plantios”, fala o biólogo Marcelo, que integra o Fruto Urbano desde o começo.

Pousada, Parque São Geraldo, Parque Roosevelt, Santa Luzia, Jardim Ivone, Jardim Pagani, Jardim Silvestre II, Jardim Jussara, Mary Dota e Vila Industrial são alguns dos bairros contemplados pelos plantios.

As ações são acompanhadas de atividades para crianças e também são oferecidos lanches para os voluntários. “Vi a divulgação do plantio e senti que encontrei o que eu procurava”, conta Liara Rodrigues, participante do projeto desde 2015.

Copos descartáveis são utilizados nas mudas preparadas por Marcelo; as estacas para plantação são responsabilidade da Liara (Fotos: Marcelo Ferasçoli e Liara Rodrigues /Acervo pessoal)

Para aumentar a oferta de alimentos em lugares públicos, o projeto prioriza a plantação de árvores frutíferas. “Espécies que são da nossa região, de uma transição do cerrado para a mata atlântica”, explica Khalil. “Nem sempre são comestíveis para os seres humanos, mas são comestíveis para os pássaros”.

“Isso traz o lado social do projeto, alimentar pessoas e animais. As aves voltando para as cidades recuperam uma boa parte da fauna urbana”, comenta Marcelo. “Não podemos esquecer da imensa quantidade de carbono que as árvores tiram do ar através da fotossíntese”.

O Fruto Urbano tem uma cartilha de 23 páginas que traz informações úteis para qualquer pessoa ou grupo que desejar fazer trabalho semelhante. Khalil avalia que aproximadamente 40 projetos coletivos de arborização em território nacional foram diretamente influenciados pelo documento.

“Todo o grupo é responsável, pensa no amanhã, no coletivo. No impacto na qualidade de vida dos moradores dos bairros onde são feitos os pomares, nos pássaros, nas sombras, na formação ambiental das pessoas, principalmente das crianças as quais eles incentivam muito que participem”. Liara Rodrigues, psicóloga e voluntária do Fruto Urbano.
(Fotos: Fruto Urbano/Acervo)

Poder público

Existem três vertentes que são estudadas na hora de escolher o local para receber uma plantação. Khalil Axcar é o organizador do projeto junto com seu irmão Miguel Axcar e explica que fazer um levantamento de espaços públicos destinados para áreas verdes é um fator importante, além de se atentar para sugestão das pessoas e para a própria observação da cidade.

A ONG atua sob contrato com a Prefeitura de Bauru e, a cada ano, apresenta uma lista de áreas de interesse para plantio. “Nossa parceria começou no governo do Agostinho e foi renovada no do Gazzetta”, diz Khalil.

Há a possibilidade de passar a ser uma Oscip, uma organização da sociedade civil de interesse público. Em 2018, irá assumir novo termo de parceria com a Prefeitura.

Para comportar uma nova plantação de mudas do Fruto Urbano, é necessário que o lugar seja público e que tenha autorização da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. A Semma fica responsável pela limpeza das áreas, apoio técnico e material. Não há transferências de recursos financeiros. Pelo contrato, são priorizados bairros e regiões periféricas de Bauru para estimular a biodiversidade nesses locais.

“É importante que o projeto tenha saúde financeira”, avalia Khalil. Além de receber auxílio do poder público, o Fruto Urbano aceita doações de mudas, terra, ferramentas, e também de serviços de alimentação e recreação para crianças nos plantios.

Quando não adquiridas dessa forma, as mudas das árvores são custeadas pela própria organização — o preço gira em torno de 35 a 40 reais por cada.

Entre as espécies mais plantadas pela ONG estão: amora, pitanga, goiaba, araçá amarelo, bacupari, aroeira, grumixama e urucum (Foto: Fruto Urbano/Acervo)