“Bauru não pode esperar mais 4 anos”, diz porta-voz do movimento contra o fechamento do Hospital das Clínicas de Bauru

Estudantes se mobilizam para a abertura regular do Hospital das Clínicas; edifício está pronto desde 2012 e abriu pela primeira vez para tratamento de covid-19

Publicado em 28 de novembro de 2020

O movimento "HC não pode morrer" é encabeçado por estudantes de medicina, fonoaudiologia e odontologia da USP (Foto: Camila Araujo/Jornal Dois)
Por Camila Araujo 

“Estamos reivindicando a abertura integral do HC”, comenta Leonardo Resende, estudante de medicina da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do movimento “O HC não pode morrer”. A mobilização encabeçada por universitários é uma resposta à possibilidade de fechamento do hospital de campanha que foi instalado no prédio do futuro Hospital das Clínicas (HC) da USP.

O ato começou por volta das 15h desta sexta (27). Cerca de 30 pessoas compareceram para a confecção de cartazes, que contou com o apoio da Apeoesp. Frases como “É pela vida das pessoas”, “Cadê nosso HC, Dória?” e “A falta de leitos é um projeto” foram escritas pelos jovens. A manifestação seguiu mesmo com a forte chuva que caiu: os estudantes seguiram para a Avenida Getúlio Vargas, onde expuseram as faixas para os carros parados nos semáforos. A ação durou por volta de uma hora e meia.

As ações estão sendo organizadas através redes sociais, com reuniões ocorrendo por meio de plataformas de vídeo (Foto: Camila Araujo/Jornal Dois)
Promessas ao vento 

O Hospital das Clínicas foi inaugurado em 1º julho deste ano e funcionou como hospital de campanha para o tratamento de pacientes com coronavírus. Depois da redução do número de leitos pela metade – as vagas para internação passaram de 40 para 20 -, o Governo do Estado de São Paulo anunciou o fechamento do hospital, descumprindo a promessa feita por João Dória (PSDB), quando visitou a cidade em outubro desse ano.

O “prédião” do Centrinho teve suas obras finalizadas em 2012 e só esteve aberto nos últimos quatro meses. A expectativa de continuidade do funcionamento do hospital foi frustrada quando os funcionários vinculados à unidade foram avisados de que seus contratos com a Famesp, fundação que administra o hospital, seriam encerrados até o final de novembro e de que as atividades seriam encerradas no dia 1º de dezembro. A justificativa era a diminuição dos números de novos casos de covid-19.

Antonio Rugolo Junior, presidente da Famesp, informou ontem, 27, no entanto, que a Secretaria de Saúde do Estado pediu mais tempo de funcionamento como hospital de campanha, com encerramento prorrogado para 2021. 

Pela vida das pessoas

Para Leonardo, que é estudante do terceiro ano do curso de Medicina, essa medida não basta e seria preciso manter o hospital aberto, funcionando com especialidades clínicas, além da abertura de novos leitos. Ele diz que a luta é para fazer cumprir a promessa de Dória e ressalta que “Bauru não pode esperar mais 4 anos”, em referência ao planejamento do cronograma de obras do governo paulista para o prédio do HC – com orçamento em torno de R$12 milhões. O estudante lembra ainda que existe uma fila de pacientes esperando uma vaga de internação nas UPAs e nos Pronto Socorros. De acordo com o site da prefeitura, neste momento são 43 pessoas na fila, sendo o maior tempo de espera de 216 horas. 

O Hospital das Clínicas foi criado pelo Decreto N º 63.589 em 2018 e necessita de um Acordo de Cooperação assinado entre a universidade e o Estado para efetivar sua implantação. Sem previsão para tal assinatura, essa é uma das principais bandeiras levantadas pelo movimento dos estudantes universitários.

As próximas ações do movimento estão sendo divulgadas pelas redes sociais. Neste sábado (28), um buzinaço vai sair pela cidade a partir do Vitória Régia, às 14h. O grupo também lançou um abaixo-assinado para que a população apoie sua reivindicação. Para acessar, clique aqui

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