Bauru é a 27ª cidade com menor taxa de homicídio de São Paulo

Segundo dados do Ipea, a cidade de Jaú, a 55 km de Bauru, é a cidade com a menor taxa do Brasil

Publicado em 06 de agosto de 2019

(Foto: Henrique Nakandakare/Jornal Dois)
Por Lorenzo Santiago

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou os dados do Atlas da Violência 2019 por estados. O detalhamento mostra a taxa de homicídios de todas as cidades com mais de 100 mil habitantes em todo o Brasil. A cidade de Bauru é a 27ª com menor taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes no Estado de São Paulo, com 11,7.

A cidade de Jaú apresentou a menor taxa de homicídios dentre as cidades com mais de 100 mil habitantes em todo o Brasil. Foram apenas 2,7 mortes violentas na média municipal. Considerando o Centro Oeste Paulista, as cidades de Marília (11,0) e Botucatu (11,2) tiveram taxas menores do que Bauru.  

O período analisado foi o ano de 2017. Neste intervalo de tempo, foram 42 homicídios registrados e 1 homicídios ocultos no município, totalizando 43 homicídios para os 371 mil habitantes. No Brasil, Bauru é a 39ª com menor taxa de homicídios dentre as cidades com mais de 100 mil habitantes. Os números representam um aumento no número de mortes se comparada à última pesquisa do Ipea. A cidade tinha em 2016 uma taxa de homicídios de 8,7 por 100 mil habitantes.  

No Brasil, só em 2016 foram 65.602 homicídios, um recorde de mortes violentas em toda a história do país. Para se ter uma ideia, o número de mortes do Brasil nos últimos 11 anos, supera os 511 mil mortos na guerra da Síria, um dos embates que mais matou pessoas na história do mundo moderno. Foram 553 mil pessoas assassinadas no Brasil de 2007 a 2018.

Critérios

A taxa de homicídios é determinada pelo número total de mortes causadas por agressões e intervenções legais – ações que partem das autoridades, seja por meio da polícia, exército ou outra corporação do Estado – sobre o número de habitantes de cada município. Esses critérios são usados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e interpretados pelo instituto como possíveis para se fazer a representação da violência no país.

Além deles, ainda foram considerados os homicídios ocultos, que são mortes sem causa identificada (MCVIs), que podem ser suicídios, acidentes e homicídios que o Ministério da Saúde não conseguiu estabelecer a causa correta. 

A pesquisa e o cenário brasileiro

O Atlas da Violência é realizado anualmente pelo Ipea em parceria com o Fórum brasileiro de Segurança Pública. O intuito é refletir sobre a violência no país  a partir de dados, com base na realidade dos estados e municípios brasileiros. Com isso, o instituto cria indicadores para a realização de políticas públicas em todo o território nacional.  

De 2007 a 2017 o Brasil teve um aumento na taxa de mortalidade: de 30 para 41 por 100 mil habitantes. No entanto, entre 2007 e 2015 houve uma concentração cada vez maior dos homicídios em alguns Estados brasileiros. O Norte e o Nordeste são as regiões que apresentam maior índice até então. 

Para conseguir dimensionar a taxa de homicídios em todo o Brasil, o instituto dividiu as cidades em 3 categorias:

  • pequenas (até 100 mil habitantes)
  • médias (de 100 a 500 mil habitantes)
  • grandes (mais de 500 mil habitantes)

Com as pesquisas realizadas desde 1997, o Ipea concluiu que quanto maior a cidade, maior a taxa de homicídios. Mas os números mostram também um aumento de mortes violentas nas cidades pequenas. Em 1997, esses municípios tinham, em média, 11,9 homicídios por 100 mil habitantes. Em 2017 esse dado saltou para 25,4. Nas cidades grandes, a média oscilou de 43,1 para 41,1, representando uma queda. 

Pode-se dizer que, num geral, houve um aumento da violência nos municípios de menor porte. Mesmo que algumas não tenham registrado nenhuma morte em 2017, outras cidades chegaram a ter uma taxa de homicídio de 224,6. 

Nas cidades com o porte de Bauru, a média aumentou em menor quantidade em um geral, passando de 32,9 mortes por 100 mil habitantes para 37,1. Em 2017 existiam 310 municípios com mais de 100 mil habitantes.

O instituto observou também a taxa de homicídios, comparada a outros indicadores, como atendimento escolar, renda per capta, porcentagem de crianças vulneráveis à pobreza, desemprego e saúde. Foi possível concluir que, quanto maior a situação de vulnerabilidade das pessoas, maior a taxa de homicídios. O Ipea vê a necessidade de focalizar o combate à violência nessas cidades a partir de políticas públicas e não com a repressão e combate.

O Ipea fez uma análise detalhada de cada regiâo do Brasil. os principais aspectos relacionados foram as taxas de homicídios por mesorregião comparadas às atividades das organizações criminosas. Disputas por rotas comerciais e territórios pelos grupos do tráfico é um dos maiores motivos das mortes, segundo o próprio instituto.

As pesquisas do Atlas da Violência também concluíram que, apesar de tudo, o cenário pode ser positivo. Entre 2016 e 2017, 15 Estados tiveram uma redução no número de mortes violentas. Segundo o Ipea, alguns fatores ajudam a explicar isso, como o envelhecimento da população e o Estatuto do Desarmamento (regulamentação que limita o acesso às armas de fogo). 

Os dados relativos à queda da taxa de homicídios no Espirito Santo, aliado ao cenário caótico dos presídios brasileiros, para o instituto, mostram que é possível o Estado retomar o controle dos cárceres e “das condições que propiciam paz”. 

Para ler a análise municipal do Atlas da Violência 2019 na íntegra, clique aqui.