Após recesso, MST retoma venda de cestas agroecológicas em Bauru

Pedidos estão abertos a partir de hoje, 29, com retirada de alimentos e produtos na próxima quarta-feira, 3

Publicado em 29 de janeiro de 2021

Produtores rurais do movimento entregam alimentos orgânicos em Bauru e Marília (Foto: Arquivo/Reprodução)
Por Bibiana Garrido

Pequenos agricultores do assentamento Luiz Beltrame de Castro retomam hoje, 29, as atividades de comercialização das cestas agroecológicas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Bauru. Os pedidos podem ser feitos pela internet até segunda-feira, 1° de fevereiro, com retirada na quarta, dia 3, no prédio da Apeoesp Subsede Bauru. 

As cestas vêm em duas opções de tamanho, com 6 e 11 tipos de alimentos orgânicos entre folhas, legumes, raízes, tubérculos, frutas e temperos. É o que explica Danilo Peçanha, 32, agricultor e morador do Luiz Beltrame desde 2013, quando o assentamento foi fundado. 

Os produtores também oferecem um cardápio de pedidos para bolos, pães, geleias, patês, queijos e demais itens que são preparados de maneira artesanal. “Nossa satisfação é oferecer alimento com qualidade, com carinho e com gosto. Só chega na mão do consumidor porque a gente sabe como o alimento é produzido, e a gente sabe que faz bem”, comenta o agricultor.

Há pouco mais de três anos Danilo e outros assentados percorrem, a cada 15 dias, os 65 quilômetros que separam Bauru de Gália, onde fica o Luiz Beltrame. Com o apoio do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) na Subsede Bauru, o MST comercializa cerca de 60 cestas agroecológicas e mais de 200 produtos extras por mês. O mesmo trabalho também acontece em Marília, intercalando as datas com as entregas bauruenses.

A renda gerada pela venda de comida orgânica e sem agrotóxicos sustenta 17 famílias produtoras, sendo que o assentamento abriga 77 no total. Os pequenos agricultores que trabalham com produção maior e em larga escala não integram o projeto das cestas agroecológicas, e fornecem comida à região por meio de intermediários, vendendo às feiras e mercados. 

Disputa pela terra

Propriedade rural homologada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Luiz Beltrame vem sofrendo ameaças de reintegração de posse desde sua fundação em 2013.

Jorge Ivan Cassaro (PSD), prefeito eleito em Jaú, é ex-proprietário da terra e move uma disputa judicial para retirar a área dos assentados. Desapropriada por improdutividade, a antiga fazenda do empresário e industrial jauense foi destinada à reforma agrária. 

Candidato a deputado federal em 2014 e a prefeito de Jaú em 2016, Cassaro tem um patrimônio declarado de mais de R$ 20 milhões, reportados à Justiça Eleitoral
em 2016.

Em maio do ano passado, o Poder Judiciário chegou a conceder um prazo de 120 dias para que as famílias se retirassem do local. Por conta da pandemia do novo coronavírus e da mobilização social que envolveu celebridades, militantes e ativistas, a ordem de despejo foi suspensa em junho

“A situação está no mesmo pé que parou. Estamos no aguardo para o Incra entrar com uma ação revogando essa reintegração de posse”, explica Danilo. “Não temos nada definido, mas sabemos que o processo é favorável ao Cassaro. Agora que ele virou prefeito, complicou mais um pouquinho”. 

Armazém do Campo

O MST inaugurou seu Armazém do Campo em Bauru para comercialização de produtos agroecológicos. A ideia é que os alimentos cultivados no Luiz Beltrame e assentamentos da região possam integrar a oferta aos consumidores nesse espaço.

Cestas podem ser de 6 ou 11 itens e contêm alimentos da época (Foto: Arquivo/Reprodução)
Para fazer seu pedido

Saiba mais sobre a cesta agroecológica entrando em contato nos telefones: (14) 98128-3194 e/ou (14) 98165-3476. Os pedidos são feitos pela internet até a próxima segunda, e ficam disponíveis para retirada na quarta-feira, dia 3, a partir das 17h na Rua Gerson França, 9-23.

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